Mestre em Engenharia e Gestão Industrial pela Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), Ricardo Fernandes, 29 anos, é Engenheiro de Melhoria Contínua na Louis Vuitton, em Barcelona. Madeirense de gema, viveu na ilha até os 18 anos, tendo-se mudado para o Porto quando iniciou a sua vida académica.

Espanha passou a ser a sua segunda casa quando decidiu terminar o Mestrado Integrado lá fora, no âmbito do programa Erasmus. “Process and Procedures Optimization in Production Lines” é o título da dissertação que Ricardo Fernandes concluiu com sucesso numa das maiores empresas de exportação de azeitonas de mesa do mundo, a Agro Sevilla Aceitunas, situada na Andaluzia.

Um ano e meio depois, em setembro de 2019, Ricardo embarca numa das grandes experiências da sua vida: trabalhar na famosa marca de luxo Louis Vuitton, oportunidade que surgiu via LinkedIn. Este novo projeto implicou uma “grande mudança” na sua área profissional – da produção para a logística – mas a sua formação na FEUP permitiu-lhe encarar o desafio da melhor forma, “facilitando a adaptação”.

“Os desafios diários são diferentes, mas consegui adaptar-me facilmente. Atualmente, sou responsável pela otimização de processos e pela criação e análise de indicadores de performance. Estou mais focado no serviço ao nosso principal cliente, as linhas de produção, e também estou num projeto de convergência de processos com todos os ateliers da Louis Vuitton”, explica o alumnus da FEUP.

Ricardo Fernandes é responsável pela otimização de processos e pela criação e análise de indicadores de performance da Louis Vuitton.  (Foto: DR)

Naturalmente, com a atual pandemia por Covid-19, alguns processos logísticos sofreram alterações, dificultando o trabalho de Ricardo Fernandes. Mas ainda que o futuro possa parecer mais incerto, o antigo estudante da FEUP mostra-se “confiante num regresso à normalidade” e determinado em relação aos seus planos de vida.

“Sinto que ainda tenho muito que aprender e oferecer aqui na Louis Vuitton. Ainda que seja difícil estar longe da família e dos amigos, não tenho a intenção de voltar a Portugal a curto prazo. Mas, claro, não sei o que o futuro me reserva”, remata.

– Como surgiu a oportunidade de ir para Espanha?
Eu gosto de desafios. Quando percebi que a FEUP dava a oportunidade de fazer a dissertação de Mestrado no estrangeiro, através do programa Erasmus, decidi arriscar. Fiz a minha dissertação numa das maiores empresas de exportação de azeitonas de mesa do mundo, aqui na região da Andaluzia. O meu principal objetivo era otimizar processos e procedimentos numa linha de produção. Quando entreguei a dissertação, a empresa convidou-me a ficar e pude continuar a trabalhar na área de produção. Ali, aprendi muito a nível profissional e pessoal. Passado um ano, surgiu a oportunidade de entrar na Louis Vuitton.

– De que forma a Universidade do Porto teve impacto neste processo?
O interesse pela Universidade do Porto e, mais concretamente, pela FEUP surgiu quando fui pela primeira vez ao Porto assistir ao cortejo académico da minha irmã. Inicialmente, queria seguir a carreira de Engenharia Mecânica, mas o curso de Engenharia e Gestão Industrial cativou-me por ser tão abrangente e por poder trabalhar em áreas muito desafiantes. Acho que é esta diversidade de saídas profissionais que atrai os estudantes a escolherem a Engenharia e Gestão Industrial. Sem dúvida que fiz uma boa escolha.
Confesso que tenho muito orgulho na faculdade onde estudei. É uma instituição exigente, mas que dá todas as ferramentas para que sejamos bons profissionais.
Uma das melhores experiências que tive na FEUP foi, sem dúvida, o programa Erasmus. Foi muito marcante para mim e recomendo a todos os que têm esta oportunidade. Acho que passar por esta experiência é um ponto que joga a nosso favor porque mostra a capacidade de sairmos da nossa zona de conforto e de experimentarmos situações que nos desafiam. Tenho a certeza que foi um elemento relevante para entrar na Louis Vuitton porque mostra a capacidade de adaptação num mundo em constante mudança.

– O que o motivou a ir para fora, para Andaluzia e depois Barcelona?
Foi o desafio que isso representava. Decidi ficar pela Andaluzia porque era onde viviam alguns amigos que fiz durante o programa Erasmus, em Itália. A mudança para Barcelona foi pela oportunidade na Louis Vuitton.

– Há quanto tempo está fora de Portugal?
Estou fora de Portugal há quase 3 anos. Inicialmente, vim para Espanha para uma empresa de produção e exportação de azeitonas de mesa, a Agro Sevilla Aceitunas, na Andaluzia. Entretanto, encontrei a oportunidade na Louis Vuitton via LinkedIn. Como já estava a trabalhar fora de Portugal e como gosto de agarrar novos projetos e oportunidades, decidi continuar aqui no país vizinho. E cá estou.

– Como foi a adaptação?
Tive a sorte de ir para uma cidade onde tinha amigos que fiz em Itália, por isso a adaptação foi amena. Além disso, acho que nós, portugueses, somos muito parecidos com os espanhóis e não me sinto emigrante.

– O que gosta mais? E menos?
O que gosto mais é a maneira de ser dos espanhóis. O que gosto menos é a distância até casa. Ainda que, com as tecnologias que existem atualmente, tudo fica à distância de um clique e a distância parece menor. Recomendo plenamente uma experiência internacional. É um grande desafio adaptarmo-nos a novas realidades e conhecermos outras culturas. Faz-nos crescer bastante e acho que, quem tem a oportunidade de o fazer, deve aproveitá-la.

– De que sente mais falta de Portugal?
Do que mais tenho saudades é da minha família e dos amigos. Mas confesso que também sinto muita falta dos nossos costumes e de ouvir e falar a minha língua, apesar de estar tão próximo de Portugal.

– Um conselho para quem visita Barcelona?
Há tanto para descobrir nas ruas genuínas de Barcelona! O meu maior conselho será para não se centrarem em sítios turísticos e explorarem outras áreas interessantes da cidade espanhola.