Foi através das várias experiências internacionais que colecionou na Universidade do Porto que Mariana Sousa desenvolveu o interesse em ir viver para fora do país. Licenciada em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Letras, mestre em Economia e Gestão da Inovação pela Faculdade de Economia e com uma pós-graduação em Gestão de Marketing pela Porto Business School, decidiu, no fim de 2020, que “queria trabalhar no estrangeiro e que gostaria de integrar uma instituição que fosse parte da União Europeia”. Atualmente, é isso que faz ao trabalhar no Banco Europeu de Investimento, no Luxemburgo.
Aos 30 anos, Mariana Sousa trabalha atualmente como Assistente de Operações de Empréstimo para a América Latina e Caraíbas, no setor Público, no Banco Europeu de Investimento. Assim, assiste e contribui para a implementação de operações de empréstimo, que têm como objetivo, na maioria das vezes, combater as alterações climáticas e promover a inovação ou a igualdade de género.
“Sinto-me reconhecida e valorizada no Banco Europeu de Investimento e contribuo para projetos que acredito terem impacto real”, revela Mariana. Trabalha no Luxemburgo há um ano e sente que há “muito espaço para progredir”.
Para além da boa qualidade de vida e da localização no centro da Europa, Mariana destaca as “pessoas” como um dos aspetos de que mais gosta no Luxemburgo “Quase 50% da população é composta por imigrantes e, talvez por isso, há um enorme sentido de empatia, entreajuda, e de te fazerem sentir em casa”, diz.
Voltar a Portugal não está, “pelo menos para já”, nos planos de Mariana Sousa. Mesmo quando apertam as saudades da família, dos amigos e de… “o que menos gosto é de não haver mar, como no Porto”.
– Como surgiu esta oportunidade de trabalhar no Luxemburgo?
Eu procurei-a. No final de 2020 decidi que queria trabalhar no estrangeiro e que gostaria de integrar uma instituição que fosse parte da União Europeia ou estivesse relacionada com projetos europeus. Candidatei-me ao Banco Europeu de Investimento e, após muitas fases de um recrutamento moroso e complexo, fui selecionada para a divisão de operações para a América Latina e Caraíbas, setor Público.
– De que forma a Universidade do Porto teve impacto neste processo?
De muitas formas! Eu fiz Erasmus durante a licenciatura, o que impulsionou o meu interesse por experiências internacionais. Tornei-me voluntária numa associação – a ESN-Porto – que trabalha em estreita cooperação com a U.Porto e que recebe estudantes estrangeiros, e tive o meu primeiro contacto com iniciativas europeias financiadas pela Comissão. E o meu anterior emprego em Portugal era como gestora de projetos de uma rede de universidades, muitos deles envolvendo a U.Porto e o programa Erasmus+! Tudo isto desencadeou esta transição para o Luxemburgo.
– O que te levou a ir para fora?
A vontade de trabalhar num país diferente, numa instituição que me despertava interesse, e as condições laborais que me propuseram.
– Há quanto tempo estás fora de Portugal?
Há um ano. Cheguei ao Luxemburgo em maio de 2021.
– Como foi a adaptação?
A adaptação foi muito fácil porque o Luxemburgo é muito parecido com Portugal e a comunidade portuguesa é a mais representada no país (mais de 30% da população). Não senti nenhum choque cultural grande, exceto talvez nos preços das rendas das casas!
– O que gostas mais? E menos?
O que mais gosto no Luxemburgo são as pessoas (quase 50% da população é composta por imigrantes e, talvez por isso, há um enorme sentido de empatia, entreajuda, e de te fazerem sentir em casa), a natureza (há florestas por todo o lado), a localização (estar no centro da Europa permite-me facilmente ir passar um fim de semana a Bruxelas, a Paris ou até mesmo a Amsterdão) e a qualidade de vida (os salários são muito mais altos que em Portugal mas o custo de vida não é assim tão elevado e há muitos benefícios fiscais, para além dos transportes públicos serem gratuitos).
O que menos gosto é de não haver mar, como no Porto.
– Um conselho para quem visita a cidade onde vives?
Venham na Primavera ou perto do Natal. São as minhas épocas preferidas: árvores com folhas tão verdes como nunca vi em lado nenhum, ou mercados de Natal típicos como não temos em Portugal (e, com, sorte, muita neve!).
– De que sentes mais falta? Pensas voltar?
Sinto falta de poder estar com os meus amigos de Portugal, a minha família e as minhas gatas sempre que tenho saudades. Vou ao Porto frequentemente, mas, como é óbvio, não posso ser espontânea, acordar um dia e combinar um jantar para essa noite. As viagens têm de ser planeadas de modo a aproveitar preços aceitáveis e rentabilizar o tempo, e esse planeamento constante cansa-me.
Não penso voltar, pelo menos para já, porque estou a adorar esta fase da minha vida cá no Luxemburgo, os meus novos amigos e a minha nova família.