Doutorado, Mestre e Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Ary Ferreira da Cunha soube, desde cedo, que queria trabalhar com políticas públicas. Da investigação ganhou o gosto por “querer trabalhar como consultor e ajudar decisores públicos a tomar decisões informadas”. É isso que faz hoje em dia, nos Emirados Árabes Unidos, através da empresa onde já era consultor em Lisboa. O trabalho com esse mercado levou-o a pedir transferência para o escritório no Dubai, onde vive há três anos.

Com um percurso que inclui passagens pela Inglaterra, Países Baixos, Lisboa, Madrid e Luanda, Ary trabalha atualmente como gestor de projetos na consultora internacional McKinsey & Company, apoiando o desenho e implementação de políticas públicas, desde a definição de planos de longo-prazo, até ao apoio a reestruturações organizacionais.

As viagens são outra das grandes paixões de Ary Ferreira da Cunha, desde que acompanhado pela sua câmara fotográfica. Aos 33 anos, o alumnus da U.Porto contabiliza já  viagens a 73 países, incluindo uma subida ao Kilimanjaro, tempestades de neve na Islândia, safaris no Quénia, mergulhos nas Seychelles, ou uma visita ao basecamp do Evereste. “Acho que se um dia me fartar do mundo das políticas públicas me dedico a viajar e a capturar e partilhar o que de belo há neste mundo”, confessa.

Ary Ferreira da Cunha vive no Dubai há três anos, onde trabalha na consultora internacional McKinsey & Company.

– Como surgiu a oportunidade de trabalhar no Dubai?
Estava a trabalhar como consultor em Lisboa, mas a servir sobretudo clientes noutros países. Quando fiz um projecto nos Emirados Árabes Unidos percebi que havia na região mais projectos com clientes do sector público que me entusiasmavam e decidi pedir transferência para o escritório do Dubai.

– De que forma a Universidade do Porto teve impacto neste processo?
Durante o meu mestrado e doutoramento percebi que queria trabalhar com políticas públicas. Foi a oportunidade de fazer investigação nestas áreas que me levou a querer trabalhar como consultor e ajudar decisores públicos a tomar decisões informadas.

– O que te levou a ir para fora?
A oportunidade de aprender sobre como se desenham e implementam boas políticas públicas e fazer parte da história do desenvolvimento económico de uma região que está num momento fundamental do seu percurso. O desafio aqui é garantir a prosperidade e qualidade de vida das gerações futuras num mundo pós-petróleo. Isso implica grandes transformações ecónomicas e sociais que têm de ser operadas num curto espaço de tempo..

– Há quanto tempo estás fora de Portugal?
Vim para o Dubai há pouco mais de 3 anos. Antes disso estive 2 anos a trabalhar entre Lisboa, Madrid e Luanda. Também fiz parte do meu doutoramento em Inglaterra e na Holanda.

– Como foi a adaptação?
Em poucos meses já me sentia bastante confortável no Dubai. É uma cidade muito cosmopolita onde todos os dias chegam pessoas novas, é uma cidade muito segura e os meus colegas também me ajudaram a conhecer o melhor que a cidade tem para oferecer.

Mas acho que o Dubai ainda não é a minha “casa”. Como a maioria das pessoas vem para o Dubai com a ideia de passar cá uns anos e depois voltar para o seu país, pelo que os laços sociais que unem a cidade são frágeis. O sentimento de pertença a uma mesma comunidade é baixo entre os expatriados, e o investimento das pessoas em construir relações duradouras é menor.

Para Ary, o Dubai é “uma cidade muito cosmopolita onde todos os dias chegam pessoas novas”. (Foto: DR)

– O que gostas mais no Dubai? E menos?
O que gosto mais é a possibilidade de conhecer pessoas de qualquer país, a oportunidade de trabalhar no que gosto com pessoas que admiro, e a capacidade de viajar facilmente para qualquer lado.

O que gosto menos é sentir que é uma cidade muito individualista e materialista em que a maioria das pessoas vivem focadas em ganhar e gastar dinheiro, mas muitas estão muito sozinhas e vivem desligadas das demais.

– De que sentes mais falta? Pensas voltar?
Acho que é o mesmo que todos os emigrantes: sinto falta da da minha família e amigos, mais que tudo, mas também da comida, do vinho e de estar rodeado de verde.

– Um conselho para quem visita a cidade onde vives?
Passem uma noite no deserto. É surpreendente como a vida encontra uma forma de seguir existindo ou recordar quão pequenos somos ao olhar para um céu repleto de estrelas.