“Lá Fhéile Pádraig sona daoibh”, sabe o que quer dizer? Podemos adiantar que é irlandês e que 17 de março é o dia certo para perceber o que significa. E nem precisa de comprar um bilhete de avião. Não precisa sequer de bilhete. Basta comparecer à festa. A propósito do Dia de São Patrício, a Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto presta homenagem à Irlanda e à sua tradição musical com um concerto de final de tarde. Às 18h00, os Díada vão “subir ao palco”.

Na realidade, nem precisa de ser no Dia de São Patrício. Seja de manhã, à tarde ou à noite, à semana ou ao fim-de-semana, entrar num pub irlandês é deixar-se contagiar pela música e dança ao vivo, nomeadamente se estiver em Dublin, a capital e a maior cidade da República da Irlanda. É um festim de violinos, guitarras, bandolins, bouzoukis, flautas e concertinas, pontas e tacões de sapatos eletrizantes a fazer sacudir os corpos e… Só depois percebemos que o tempo parou. E que não haveria nenhum outro sítio, no planeta, onde preferíssemos estar naquele dia, àquela hora. Tudo isto servido com uma imprescindível, única e suculenta guinness pint.

Nós, por cá, no dia 17, também vamos celebrar o Santo Padroeiro da Irlanda. Acredita-se que um de seus métodos de evangelização incluiu o uso de um trevo de três folhas para explicar a doutrina da Santíssima Trindade aos irlandeses. A verdade é que a cor verde e sua ligação com o dia de São Patrício foi ficando… Por isso, pode ser que veja alguém vestido de verde e branco…

O que é certo é que vamos ter instrumentais de danças tradicionais irlandesas (jigs, reels e hornpipes) e músicas de outras tradições, do agrado dos músicos da Irlanda. O que realmente interessa é que se deixe contagiar pelo entusiasmo e participe desta experiência que, no Porto, lhe vai deixar um gostinho de Dublin na boca.

Quem são?

Nasceu na Irlanda, mas reside agora no Porto. Colm Larkin tem bacharelato em Artes Liberais (Música) pelo University College de Cork, na Irlanda. Estudou teoria musical, musicologia, etnomusicologia e história, nomeadamente música clássica do norte da Índia e a prática de um dos principais instrumentos desta tradição: o sitar.

Como guitarrista, integrou o grupo de pop-rock-soul The Idle Hour, com o qual gravou um álbum homónimo. Realizou concertos um pouco por toda a Irlanda. No Porto, tem colaborado com vários músicos e atuado a norte de Portugal e na Galiza. Toca bouzouki, um instrumento de cordas da família do alaúde.

Com o flautista e gaiteiro Sandro Bueno, formou o dua Díada, dedicado à música tradicional irlandesa, embora não recusem a incorporação de músicas de outras tradições europeias.

Não na Irlanda, mas no Brasil, Sandro Bueno também reside agora no Porto. Licenciado em Música pela Faculdade Campo Limpo Paulista, dedicou-se ao estudo de instrumentos e músicas tradicionais europeias, com destaque para a música da Irlanda, tendo integrado, no Brasil, o grupo Oran, com quem se apresentou em festivais e em sessões organizadas pelo Consulado da Irlanda em S. Paulo, acompanhando o grupo de dança irlandesa Cia. Celta Brasil. Toca tin whistle (flauta irlandesa), flauta transversal e gaita de foles. Foi com este último instrumento que integrou o grupo de música tradicional galega Lembranza e Agarimo.

A banda que formou com Colm Larkin, e a participação que têm garantido em diversos festivais, tem-lhe permitido continuar a dedicar-se às tradições europeias da fachada atlântica (irlandesa, galega, bretã e outras).

Colm Larkin e Sandro Bueno chamaram mais duas amigas para a festa. Isabel Martinez, portuguesa, toca gaita de foles e a britânica Sara Bonner, ao violino. Ambas dominam a língua, e vai ser com a ajuda delas que vamos bater o pezinho… Em irlandês. E sair da Casa Comum, a saber dizer: “Lá Fhéile Pádraig sona daoibh”!

Sara Bonner (Foto: DR)

Este concerto faz parte do ciclo Música na Cidade.

A entrada é livre, ainda que limitada à lotação do espaço.