O arquiteto italiano Vittorio Gregotti, nome fundamental da arquitetura da segunda metade do século XX  e Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, faleceu este domingo, em Milão, vítima de uma pneumonia agravada pela covid-19.

Considerado um dos mais importantes arquitetos, urbanistas e teóricos da Arquitetura e da Cidade, e autor de uma vasta obra arquitetónica, da qual se destaca o projeto – que desenvolveu com Manual Salgado – do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Gregotti (1927-2020) participou, como refere Álvaro Siza, “de forma decisiva na transformação do nosso país“.

O arquiteto, que tinha 92 anos, foi, de resto, uma das primeiras personalidades a reconhecer e publicitar a arquitetura portuguesa e, sobretudo, a obra do Professor Catedrático Emérito da Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP) e primeiro português a conquistar o Prémio Pritzker.

Uma carreira preenchida e reconhecida

Vittorio Gregotti concluiu, em 1952, a licenciatura em Arquitetura no Politecnico di Milano. Entre 1953 e 1968, trabalhou com Lodovico Meneghetti e Giotto Stoppino e, em 1974, fundou a empresa “Gregotti Associati”. Foi professor do Instituto Universitário de Arquitetura de Veneza (onde se jubilou), lecionou nas faculdades de Arquitetura de Milão e de Palermo e foi professor visitante das universidades de Tóquio, Buenos Aires, S. Paulo, Lausanne, Harvard, Filadélfia, Princeton, Cambridge (Reino Unido) e do MIT (Cambridge, Massachusetts).

Foi editor da publicação “Casabella” (entre 1953 e 1955), editor-chefe de “Casabella-Continuità” (1955-1963), diretor de “Edilizia Moderna” (1963-1965), responsável pela secção de arquitetura da revista “Il verri” e diretor de “Rassegna” (1979-1998) e de “Casabella” (1982-1996). Entre 1984 e 1992 assinou a coluna de arquitetura da revista semanal “Panorama”, colaborou com o jornal diário “Corriere della sera” e escreve, desde 1997, no periódico “La republica”.

Foi, também, autor de obras como “II território dell’ architettura” (1966), “New directions in Italian architecture” (1968), “II disegno del prodotto industrial Italia 1860-1980” (1982), “Dentro l’architettura” (1991), “La città visibile” (1991), “Venezia città della nuova modernité” (1998), “Racconti di architettura” (1998), “Identité e crisi dell’architettura europea” (1999), “Sulle orme di Palladio” (2000) e “Diclassette lettere sul! Architettura” (2000).

Em 2007, foi agraciado com o Prémio Carreira Internacional da Trienal de Arquitetura de Lisboa, entregue pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e, mais recentemente, em 2018, o CCB, na celebração dos seus 25 anos, dedicou-lhe a retrospetiva “O Território da Arquitectura: Gregotti e Associados (1953-2017)”.

Em 2003, por proposta da FAUP, Vittorio Gregotti recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto.

Os arquitetos Álvaro Siza e Vittorio Gregotti na cerimónia de Doutoramento Honoris Causa, FAUP. (Foto: Joaquim Carlos / FAUP)