Maria Cândida Pachecoprofessora catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e figura central no estudo da Filosofia Medieval em Portugal, faleceu na madrugada desta sexta-feira, aos 84 anos de idade, vítima de doença prolongada.

Natural de Coimbra, onde nasceu a 16 de julho de 1935 , Maria Cândida Pacheco licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1958. Quatro anos depois, chegava à então recém-criada FLUP para iniciar uma ligação de quase 43 anos, durante a qual se notabilizou tanto ao nível do ensino como da atividade científica.

Recordada por José Meirinhos, atual Presidente do Departamento de Filosofia da FLUP, pelas suas “notáveis qualidades pedagógicas” e “viva capacidade para estimular os seus estudantes”, lecionou um grande número de cadeiras e seminários de licenciatura e de pós-graduação na FLUP. Entre elas destacam-se as ligadas ao domínio da Filosofia Medieval, área na qual se doutorou, em 1974, e onde o seu trabalho é amplamente reconhecido a nível nacional e internacional.

Autora de inúmeros livros e artigos publicados em revistas especializadas, em Portugal e no estrangeiro, Maria Cândida Pacheco chegou a Professora Catedrática da FLUP em 1985, ano em que cria o Mestrado de Filosofia Medieval. Em 1987, funda o Gabinete de Filosofia Medieval (GEM) da Universidade do Porto, que viria a presidir durante quase 20 anos. É na sua presidência que é lançada, em 1992, a revista Mediaevalia, editada nos seus primeiros anos pela Fundação Eng. António de Almeida e publicada, após 2004, pela Faculdade de Letras.

Ao longo da sua carreira universitária, desempenhou igualmente vários cargos na FLUP, incluindo os de membro do Conselho Científico e do Conselho Diretivo, e Presidente do Conselho Pedagógico.Em 1998, é eleita Presidente do Instituto de Filosofia, cargo no qual se manteria até à sua jubilação, em 2005.

Para além da U.Porto

Mas o percurso de Maria Cândida Pacheco não se cingiu às fronteiras da Universidade. Vice-Presidente da Société Internationale pour l’Étude de la Philosophie Médiévale (S.I.E.P.M.) durante vários anos, presidiu à Comissão Nacional para as comemorações do 8º centenário de Santo António de Lisboa, em 1995. Em 2004, promoveu a Assembleia fundadora da Sociedade Portuguesa de Filosofia Medieval, da qual foi a primeira Presidente.

Maria Cândida Pacheco deu a sua Última Lição no dia 15 de julho de 2005, após a qual recebeu a medalha de ouro da FLUP, em reconhecimento dos serviços prestados durante mais de quatro décadas de ligação à faculdade. A sessão coincidiu com o encerramento do Colóquio internacional Itinerários da Razão, organizado pelo Gabinete de Filosofia Medieval em sua homenagem.

“Organizadora incansável, ao longo da sua carreira nunca se acomodou à fatalidade da falta de meios ou de condições para investigar, preferindo criar instituições, fundar ou dinamizar publicações e revistas, organizar reuniões científicas, arquitectar projectos, atrair a colaboração de especialistas nacionais e estrangeiros”, lembra José Meirinhos.

Menos de um ano após a sua jubilação, Maria Cândida Pacheco recebeu o título de Professora Emérita da U.Porto a 23 de Março de 2006, em reconhecimento da carreira universitária e do contributo  para a investigação.