O químico suíço Michael Grätzel foi distinguido esta sexta-feira, no Salão Nobre da Reitoria, com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, juntando-se assim ao grupo de – agora – 101 personalidades reconhecidas com o mais elevado título honorífico atribuído pela U.Porto.

“É uma imensa honra para mim receber o Doutoramento Honoris Causa da Universidade do Porto”, começou por referir o homenageado , num discurso de agradecimento dirigido “a quem sugeriu e apoiou a minha nomeação” e, em particular, a Adélio Mendes, professor e investigador da Faculdade de Engenharia (FEUP) – da qual partiu a proposta da distinção – e um colaborador de longa data de Grätzel.

“Conhecemo-nos pela primeira vez numa conferência internacional em Coimbra, em 2007, onde fiquei muito impressionado com o professor Adélio. Falámos no dia seguinte e começamos assim uma colaboração de sucesso, que se intensificou ao longo dos anos”, recordou aquele que é considerado um dos mais importantes investigadores químicos do nosso tempo.

(Foto: Igor Martins/U.Porto)

“Crónico” candidato ao prémio Nobel na sua área, Michael Grätzel, de 78 anos, foi pioneiro no campo da tecnologia fotovoltaica ao inventar as células solares sensibilizadas com corante (DSSC). Das também conhecidas como “células de Grätzel” emergiram por sua vez as células solares de perovesquita (PSC), uma nova geração de células, em cujo desenvolvimento o investigador teve também um papel decisivo, e nas quais a comunidade científica deposita esperanças de vir a revolucionar a tecnologia fotovoltaica.

Professor na Escola Politécnica Federal de Lausana (EPFL), na Suíça, onde dirige o Laboratório de Fotónica e Interfaces, Michael Grätzel abriu ainda um novo caminho para a produção de combustíveis verdes ao desenvolver fotoelétrodos nanoestruturados, inspirados no fotoelétrodo das DSSC, que alargam o espectro de fontes de energia renovável que podem ser armazenadas.

É nesse percurso que cabe a estreita colaboração que mantém, desde 2008, com Adélio Mendes. Juntos, assinaram a primeira patente de selagem a vidro assistida a laser de células DSSC. Uma tecnologia pioneira que viria a ser vendida por 5 milhões de euros à Dyesol (hoje GreatCell Solar), empresa australiana de energias sustentáveis.

“Uma forte inspiração para o mundo”

Coube, de resto, a Adélio Mendes proferir o Elogio do Doutorando numa cerimónia que cantou ainda com a participação do Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, do Diretor da FEUP, João Falcão e Cunha, e do antigo reitor Sebastião Feyo de Azevedo, que serviu como Padrinho do Doutorando.

Sebastião Feyo de Azevedo, António de Sousa Pereira, Michael Grätzel, João Falcão e Cunha e Adélio Mendes(Foto: Igor Martins/U.Porto)

Enaltecendo a colaboração “profunda e duradoura, baseada no respeito e pontuada pela amizade” que o liga a Michael Grätzel, Adélio Mendes destacou ainda o papel pioneiro das descobertas do químico suíço.

“O Professor Grätzel tem sido uma forte inspiração para o mundo. Os investigadores formados no seu laboratório são conhecidos e reconhecidos no mundo inteiro. Mais do que os resultados científicos produzidos, eu gostaria aqui de realçar o líder inspirador que tem sido, promovendo a ciência da excelência, profunda e honesta”, vincou o docente da FEUP, lembrando ainda que “Portugal e a Universidade do Porto conquistaram um espaço especial dentro do Professor Grätzel”.

Ainda no âmbito do doutoramento Honoris Causa, mas já da parte da tarde, decorreu uma aula no Auditório da Faculdade de Engenharia, proferida pelo próprio Michael Grätzel.