O Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) e o Museu Nacional do Rio de Janeiro (MN/UFRJ), assinaram esta quarta-feira, no Porto, um protocolo de cooperação que visa, entre outras iniciativas, a participação do MHNC-UP no esforço de reconstituição e preservação das coleções perdidas no incêndio que, em 2018, atingiu a sede daquele que é um dos maiores museus de história natural e de antropologia da América do Sul.

Vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o MN/UFRJ é a instituição museológica mais antiga do Brasil. Fundado em 1818, albergava, até à data do incêndio, um acervo histórico e científico que abrangia cerca de vinte milhões de itens reunidos e catalogados ao longo de dois séculos.

É esse espólio, destruído quase na totalidade, que o MHNC-UP pretende agora ajudar a recuperar através de uma parceria assente na realização de atividades de curadoria e preservação patrimonial, por via da partilha de recursos técnico-científicos entre as duas instituições, bem como de “ações que prevejam o estudo, catalogação, estabilização e ampliação” das respetivas coleções.

Entre as ações a implementar no âmbito da parceria que agora se inicia, destaca-se a reconstrução da exposição permanente do MN/UFRJ, através da delineação e implementação de um programa museográfico inspirado na filosofia e conceito subjacentes à Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva do MHNC-UP.

“O que vocês estão a fazer aqui eu não vi em lugar nenhum do mundo. Foi por isso que quis trazer a nossa equipa para que possamos auxiliar-nos mutuamente na elaboração dos melhores museus de história natural, com foco na biodiversidade”, nota Alexander Kellner, diretor do MN/UFRJ.

“No fundo, vamos assessorar o Museu Nacional do Rio de Janeiro no sentido de criar uma ala com características às que existem aqui, na Galeria da Biodiversidade”, completa o Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira.

Cooperação alargada

Mas a colaboração entre os dois museus não se ficará pela preservação patrimonial e museologia, estendendo-se igualmente às áreas da promoção da cultura científica, investigação e formação em ciências naturais e humanas.

No domínio da investigação, por exemplo, o MHNC-UP e o MN/UFRJ vão colaborar na implementação de um projeto de investigação longitudinal (de longa duração) de monitorização da biodiversidade brasileira. Já no campo da divulgação cultural e científica, está previsto o acolhimento e organização conjunta de exposições temporárias, bem como de cursos, workshops, seminários, conferências e ciclos de conferências, ou ações de sensibilização.

Por fim, na área da formação, as duas instituições comprometem-se a acolher e coordenar estágios curriculares ou extracurriculares, projetos de licenciatura, mestrado e doutoramento, bem como cursos de formação profissional e de curta duração nas áreas de conservação patrimonial, museologia, promoção da cultura científica e investigação em ciências naturais e humanas em contexto museológico.

A cerimónia de assinatura do protocolo decorreu na Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva do MHNC-UP e contou com as presenças do Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, e do Diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Alexander Kellner.