Kult e Klave servem propósitos diferentes, mas têm dois pontos em comum: ambas começam pela letra “K” e têm Patrick Rahy, antigo estudante do Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico (MIETE) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), como fundador e CEO.

Patrick mudou-se do Rio de Janeiro, Brasil, para o Porto em agosto de 2019 para ingressar no mestrado na FEUP, deixando para trás uma carreira de oito anos como advogado em grandes escritórios brasileiros. “Eu cheguei ao Porto apenas com a ideia da Kult na cabeça”, adianta.

Foi através da formação obtida no MIETE que conseguiu “transformar uma simples ideia numa empresa”, tendo sido essencial no desenvolvimento do modelo de negócio, no desenho de estratégias de marketing e na organização do planeamento financeiro.

Sediada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) desde 2020, a Kult assume-se como uma plataforma social para recomendar, descobrir e guardar conteúdos culturais, desde filmes, séries de televisão e livros até aos podcasts e à música. A aplicação móvel é a principal forma de interação, num projeto que já contou com 20 mil euros de financiamento pela Startup Voucher e outros 90 mil euros por via do fundo norte-americano Grant for the Web.

“Estamos na reta final do investimento, apostando no desenvolvimento da plataforma, marketing e parcerias. Com o financiamento obtido, já conseguimos adicionar novas ferramentas na plataforma e saltar para mais de dois mil utilizadores, com uma meta de dez mil utilizadores até junho deste ano.”, avança o alumnus da FEUP.

A aposta na divulgação da marca é um dos focos do fundador, tendo começado já este trabalho com uma participação no Web Summit 2021, em Lisboa, e atraindo influenciadores culturais com o propósito de trazerem as suas comunidades para a Kult, transformado a app numa espécie de “hub” cultural que encaixa no modelo de negócio idealizado.

“O nosso público-alvo são os amantes de cultura. Na verdade, somos todos nós que consumimos todo o tipo de cultura diariamente. Por isso, o nosso modelo de negócio disruptivo possibilita a monetização dos tais curadores de conteúdos culturais, de pessoas para pessoas, através de micropagamentos (Web Monetization). O nosso objetivo é alcançar voos ainda maiores, com uma nova rodada de investimento ainda em 2022.”, explica.

Um “facilitador” para israelitas no Porto

Mas Patrick Rahy não se fica por aqui. E foi por uma questão de necessidade, e até de acaso, que nasceu a sua outra empresa. “Quando vim do Brasil, precisava de pagar os meus custos pessoais e a minha formação. Trabalhei como estafeta da Uber Eats, fui tradutor… Até que encontrei um advogado israelita que precisava de uma pessoa para acompanhar os seus clientes no Porto. Ali, nasceu a Klave.”

A prestação de serviços de tradução e turismo a clientes israelitas é a área central da empresa, em especial o apoio na emissão de cartões de cidadão e passaportes portugueses no Porto e Lisboa.

“Somos facilitadores da estadia em Portugal, recebendo já mais de mil clientes em 2021, com a expectativa de chegar aos cinco mil no final de 2022. O próximo passo é no campo da consultoria de investimentos para este mesmo público-alvo”, remata o empreendedor.

“Sem o mestrado, seria muito mais difícil”

Tanto a Klave como a Kult surgiram como consequência direta das aprendizagens como estudante da FEUP, admitindo Patrick que “sem este mestrado, seria muito mais difícil fundar e gerir as empresas, especialmente a Kult por se tratar de uma startup tecnológica”.

Já não é novidade que o ecossistema de inovação e empreendedorismo vivido no MIETE potencia a criação de novas empresas. “Foi esta a visão, e as sinergias que advêm dela, que nos motivou a lançar o mestrado em 2004. Além das novas empresas que se formam a partir daqui, os nossos estudantes também têm tido papéis muito relevantes em outros contextos.”, afirma João José Ferreira, diretor do curso.