“Nasci no Porto, vivi e vivo no Porto. (…) Não me levarão por isso a mal, se colocar a sorte de ser portuense a par da benesse que arrecado agora, legitimada por trabalho que porventura me destacará, perdoe-se-me a garridice, dos escassíssimos ‘morcões'” locais.” Foi com estas palavras que o escritor Mário Cláudio agradeceu, esta quarta-feira, a atribuição do doutoramento Honoris Causa pela Universidade do Porto.

Numa cerimónia que reuniu no edifício da Reitoria vários personalidades do mundo académico e cultural, e à qual não faltou o Presidente da República, o vencedor do Prémio Pessoa 2004 não escondeu o orgulho de se juntar à “galeria dos ilustres” da Universidade. “Ao vasculhar o sótão das memórias fantásticas , descubro que a distinção que hoje me oferecem constitui aquilo que se mostra de mais chegado ao galardão (pastilha de chocolate “Regina”] com que a minha avó me contemplava em menino”, confessou.

E acrescentou: “Volto hoje de certo modo à corporação que frequentei em sonhos inconcretizáveis. Não estudei como queria numa faculdade de letras, mas esbanjei-as de forma vária”.

Confessando-se “feliz” e “grato” à Universidade, Mário Cláudio deixou ainda um agradecimento especial a Isabel Pires de Lima, professora da FLUP e “amiga de tantas horas e cúmplice de tantas leituras” a quem coube fazer o elogio do homenageado. Um “sentimento de gratidão” que reforçaria já após o encerramento da cerimónia: “Gratidão por um reconhecimento de um trabalho que foi desenvolvido ao longo dos anos, e nesse reconhecimento está também um estímulo para continuar a fazer aquilo que me for possível fazer. É de facto muito gratificante perceber que uma cidade e uma Faculdade [de Letras], que está nessa cidade, perceberam ou acharam, que eu merecia esta distinção. Fiquei muito feliz”.

“Eu não fui convidado. Eu convidei-me”

Presença em destaque na cerimónia foi também a do Presidente da República. “Em rigor eu não fui convidado. Eu convidei-me, porque sou admirador de Mário Cláudio desde sempre. Além disso sou o Presidente da República e ele é um dos grandes escritores portugueses vivos. E portanto é uma homenagem pessoal e nacional”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.

Recorde-se que a concessão do grau de Doutor Honoris Causa a Mário Cláudio partiu de uma proposta realizada pelo Conselho Científico da Faculdade de Letras da U.Porto. Um momento que serviu igualmente para assinalar o encerramento das comemorações do primeiro centenário da FLUP.

Doutoramento Honoris Causa | Mário Cláudio

Cerimónia de atribuição do Doutoramento Honoris Causa pela U.Porto ao escritor Mário Cláudio.

Publicado por Universidade do Porto em Quarta-feira, 11 de dezembro de 2019