A encerrar as comemorações do seu primeiro centenário, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) vai homenagear um dos mais reconhecidos escritores portugueses. é já esta quarta-feira, dia 11 de dezembro, que Mário Cláudio será investido, por proposta da FLUP, Doutor Honoris Causa da Universidade do Porto, numa cerimónia que contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Com mais de 60 títulos publicados em 50 anos de vida literária, Mário Cláudio é autor de uma longa obra que se estende pelo conto, a novela, a crónica, o teatro, a escrita infanto-juvenil, o ensaio e, sobretudo, pelo romance.

Uma obra literária que se centra em grande parte no Porto, cidade onde nasceu e ainda reside, e na Região Norte de Portugal, evocando personagens, episódios, ambientes e épocas deste território – recolhidas através de rigorosa investigação histórica e bibliográfica – para servir as ações das suas obras ficcionais.

Mário Cláudio “tem sabido captar com invulgar perspicácia a matriz social e cultural, económica e política da cidade do Porto (…), fazendo dele um dos escritores que mais tem trabalhado ‘a condição de ser português’“, lê-se na proposta de atribuição do doutoramento, onde é assinalado que o autor o faz “numa escrita de filigrana, plena de erudição e, simultaneamente, de fala popular“.

Mas os argumentos para a concessão do título de Doutor Honoris Causa a Mário Cláudio não se ficam apenas pela qualidade da sua obra literária. O documento aprovado por unanimidade no Conselho Científico da FLUP destaca ainda a “colaboração cívica que desenvolve, muito frequentemente a partir da cidade onde nasceu e vive”, que faz de Mário Cláudio não apenas um reconhecido escritor, mas também “um intelectual cujo pensamento independente lhe confere uma voz diferenciada em prol do bem comum”.

Argumentos que serviram de base à concessão do título pelo Reitor da Universidade do Porto e que serão agora publicamente reconhecidos na cerimónia que se realiza às 15h00 do próximo dia 11 de dezembro, no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto.

Sobre Mário Cláudio

Mário Cláudio é o pseudónimo literário de Rui Barbot Costa, nascido no Porto a 6 de novembro de 1941. Completou a licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra, em 1966, tendo também aí concluído o curso de Bibliotecário-Arquivista, em 1973.

Foi neste período, momentos antes de ser mobilizado para a Guiné-Bissau, que entrega ao pai, pronta para publicação, a sua primeira obra, Ciclo de Cypris (poesia), lançada em 1969.

A partir desta data passa a publicar com grande regularidade, apesar de manter uma atividade profissional e cívica permanente. Depois de, em 1976, ter obtido o título de Master of Arts in Library and Information Studies, pela Universidade de Londres (University College), foi diretor da Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia e técnico superior da Delegação Norte da Secretaria de Estado da Cultura.

Em 1985, inicia a sua atividade docente na Escola Superior de Jornalismo do Porto. Foi ainda professor convidado da Universidade Católica do Porto e formador de Escrita Criativa na Fundação de Serralves e no Instituto Politécnico do Porto.

A sua obra foi objeto de várias honras e distinções. Entra elas incluem-se o Grande Prémio de Romance e Novela da APE/DGLAB, por Amadeo e Retrato de Rapaz, em 1984 e 2014, respetivamente; o Prémio PEN-Clube Português de Novelística por O Pórtico da Glória e Camilo Broca, em 1998 e 2007; o Prémio Autores SPA/RTP 2012 (Melhor Livro de Ficção Narrativa) por Tiago Veiga: Uma Biografia; e o Prémio D. Diniz 2017, por Astronomia.

Em 2004 foi distinguido com o Prémio Pessoa pelo conjunto da sua obra, tendo ainda sido agraciado com as comendas da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2000), de Chevalier des Arts et des Lettres (2006) – atribuída pelo Ministério da Cultura de França – e da Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2019).