Por proposta da Faculdade de Letras (FLUP), a Universidade do Porto vai atribuir, no próximo dia 22 de abril, o centésimo Doutoramento Honoris Causa da sua história. A homenageada será a escritora canadiana Margaret Atwood, uma das maiores figuras da literatura mundial, autora do celebrado romance The Handmaid’s Tale (“A História de uma Serva” na tradução portuguesa) e de mais de 50 obras de diferentes géneros literários.

Margaret Atwood é autora de uma vasta criação literária que se estende desde o romance (17 títulos) ao ensaio e crítica (10 títulos), passando pela ficção científica (4 títulos), a poesia (25 títulos), o conto (8 antologias), a literatura infantil (8 livros), o teatro (uma peça), o guionismo (3 guiões para televisão e um para rádio) e o romance gráfico (3 graphic novels). 

Uma obra literária que tem sido, ao longo dos anos, premiada abundantemente, contando já com 143 prémios e distinções em diversos países.  Mas a obra de Atwood é também determinada pela faceta ativista da autora, com temas como as alterações climáticas, os direitos das mulheres, as questões de género ou as desigualdades sociais, por exemplo, patentes em muitos dos seus livros. 

“Ao atribuir a Margaret Atwood o título de Doutora Honoris Causa, a Universidade do Porto celebra a extraordinária qualidade da sua obra literária, a importância da sua reflexão intelectual e a pertinência do seu combate público por uma sociedade mais justa, digna e sustentável. Valores consentâneos com os que animam a Faculdade de Letras e a Universidade do Porto, e que valorizam o papel das Humanidades na construção da sociedade do futuro”, lê-se na proposta de atribuição do Doutoramento. 

A decorrer a partir das 11h00, no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto, a cerimónia contará ainda com a participação de Alberto Manguel, escritor argentino-canadiano, radicado em Portugal, que fará o Elogio de Margaret Atwood.

A sessão terá entrada reservada a convidados e terá transmissão em direto, no canal da U.Porto no Youtube.

Sobre Margaret Atwood

Nascida a 18 de novembro de 1939, em Otava, no Canadá, Margaret Atwood ganhou notoriedade mundial com o romance “A História de uma Serva” (1985), tendo posteriormente consolidado o seu prestígio e popularidade com títulos como “Chamavam-lhe Grace” (1996), “O Assassino Cego” (2000), “Órix e Crex” (2003) e “Os Testamentos” (2019).

Publicada em mais de 45 países, incluindo Portugal, a obra de Atwood foi reconhecida com alguns dos mais importantes prémios literários internacionais, com destaque para o Booker Prize em 2000 e 2019 (Reino Unido), o Prémio Príncipe das Astúrias para a Literatura em 2008 (Espanha), o Arthur C. Clarke Award (Reino Unido), o Prémio Mondello (Itália), o Prémio Giller (Canadá), o Franz Kafka Prize (República Checa) ou o PEN Center USA (EUA). À autora foram ainda atribuídos o título de Chevalier da Ordem das Artes e das Letras de França e a Cruz de Oficial da Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha.  

A escritora é graduada em Artes e Inglês pelo Victoria College da Universidade de Toronto (1961), mas também estudou Filosofia e Francês. Concluiu o mestrado em Literatura Inglesa no Radcliffe College da Universidade de Harvard, em 1962, tendo ainda frequentado dois anos de doutoramento na mesma instituição. Lecionou Língua e Literatura Inglesas nas universidades canadianas de British Columbia, Sir George Williams, Alberta e York, entre outras. O seu currículo académico foi enriquecido com 26 diplomas honorários de universidades tão prestigiadas quanto Oxford, Cambridge ou Sorbonne.

Margaret Atwood começou a sua carreira literária publicando poesia, no início dos anos 60, mas foram os romances distópicos, a partir da década de 80, que lhe granjearam sucesso junto da crítica e do público. Aquilo a que chama de “ficção especulativa”, e não apenas “ficção científica”, tornou-se a marca d’água da autora, que revela nos seus mais importantes romances uma notável capacidade para criar atmosferas opressivas, cenários pós-apocalípticos, personagens sinistras e enredos com um fundo político, filosófico e moral. Exemplo paradigmático de tudo isto é “A História de uma Serva”, adaptada para série televisiva com grande sucesso (The Handmaid’s Tale), fazendo jus ao carácter eminentemente cinematográfico da narrativa da autora.