Maria do Carmo Pereira, professora e investigadora do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), acaba de ser distinguida com o Prémio Maratona da Saúde para a Investigação em Cancro. O reconhecimento chega graças ao projeto que está a ser desenvolvido por um grupo de investigadores por si liderado, sobre o uso da nanotecnologia no tratamento do cancro do cérebro.

Como sublinha Maria do Carmo Pereira, “o glioblastoma multiforme é o tipo mais comum e invasivo de tumor cerebral maligno e apresenta alta mortalidade, sendo que a esperança média de vida é de cerca de um ano após diagnóstico”.

“A substância temozolomida é o medicamento mais usado para o seu tratamento, mas tal como muitos outros medicamentos usados em quimioterapia, apresenta várias limitações como alta toxicidade e baixa eficácia. Um dos fatores que limita a sua atividade farmacológica é a existência de enzimas com capacidade de reverter os efeitos da temozolomida, conferindo resistência à terapia”, esclarece a investigadora da FEUP.

Empenhada em encontrar soluções para este problema, a equipa liderada por Maria do Carmo Pereira – e que conta ainda com a participação do investigador Jorge Lima, do do grupo de investigação Cancer Signalling & Metabolism” do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da U.Porto – desenvolveu nanopartículas para a administração em simultâneo da temozolomida e de uma molécula capaz de diminuir a resistência das células à terapia. Em estudos prévios, os investigadores obtiveram evidências de que estas nanopartículas permitem diminuir a resistência à ação terapêutica da temozolomida em modelos celulares.

Além do reconhecimento pela comunidade científica, a Maratona da Saúde atribuiu um prémio no valor de 20 mil euros ao projeto. A partir daqui, os investigadores vão poder testar a eficácia e a segurança destas partículas em animais.

Maria do Carmo Pereira espera que este projeto “permita futuramente avançar para uma estratégia efetiva para superar as limitações das terapias para o glioblastoma atualmente disponíveis”.

Fomentar o conhecimento e promover a investigação científica

Organizada em parceria com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, a Maratona da Saúde visa fomentar o conhecimento e a descoberta de soluções terapêuticas inovadoras. A edição deste ano reuniu – através de donativos recolhidos num espetáculo de televisão solidário na RTP – 40 mil euros para investir em projetos de investigação sobre o cancro.

Foram analisadas 109 candidaturas entre as quais se distinguiram o trabalho de Maria do Carmo Pereira, na categora sénior, e de Adriana Sanchéz Danés, da Fundação Champalimaud, na categoria júnior, com um projeto de identificação das células tumorais no cancro pediátrico que são resistentes à terapia.