A European University Alliance for Global Health (EUGLOH), um projeto pioneiro no quadro do ensino superior europeu, e do qual a Universidade do Porto é uma das instituições fundadoras, viu aprovada, pela Comissão Europeia, a candidatura a uma nova ronda de financiamento no valor de 14,4 milhões de euros, a aplicar, nos próximos quatro anos, em áreas como a mobilidade de estudantes e investigadores, ou a cooperação científica ao mais alto nível.

Três anos depois de ter integrado o lote das primeiras “Universidades Europeias”, a EUGLOH recebe assim “luz verde” para “dar continuidade ao importante processo de transformação institucional desenvolvido pela Aliança ao longo dos último anos”, como projeta Joana Resende, Vice-Reitora responsável pelas áreas do Empreendedorismo, Valorização do Conhecimento e Planeamento Estratégico da U.Porto.

A missão [da EUGLOH] sairá reforçada e alargada, desde logo pela expansão a novos parceiros mas também pelo aprofundamento do trabalho da Aliança nas suas quatro áreas de missão : Educação, Investigação, Inovação e Serviço à Sociedade”, concretiza a responsável.

Envolvendo um orçamento total de 18 milhões de euros (financiado pelo Programa Erasmus + e pelas universidades envolvidas), o projeto para a “EUGLOH 2.0” reforça assim aquele que, segundo a Vice-Reitora, constitui o “desígnio” da Aliança: o de “se afirmar como uma referência no espaço europeu de educação, estimulando a inovação pedagógica, modelos inovadores de mobilidade e circulação de estudantes, docentes, investigadores e staff, promoção de complementaridades estratégicas entre a educação, investigação, inovação e serviço à sociedade, troca de boas práticas e aprofundamento de programas e iniciativas que garantam a sustentabilidade da aliança num futuro próximo”.

Expansão a três novos países

Uma das faces mais visíveis da “nova” EUGLOH será o alargamento a quatro novas universidades parceiras, que se juntarão assim à U.Porto e às universidades de Paris-Saclay (França), Lund (Suécia), Ludwig-Maximilian de Munique (Alemanha) e Szeged (Hungria).

Aos cinco membros-fundadores vão juntar-se, nesta segunda fase do consórcio, a Universidade de Hamburgo (Alemanha), a UiT – Universidade Árctica da Noruega (Noruega), a Universidade de Novi Sad (Sérvia) e a Universidade de Alcalá (Espanha).

Para além das novas universidades, a EUGLOH passará também a contar com um conjunto alargado de novos parceiros associados, incluindo cinco indicados pela U.Porto entre um conjunto de atores relevantes do ambiente socioeconómico envolvente: a Câmara Municipal do Porto, a Bial, o i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Sáude, a UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto e a Fraunhofer Portugal AICOS.

Para Joana Resende, o alargamento a novos parceiros pode representar “uma oportunidade única para consolidar a liderança da EUGLOH no espaço europeu de educação”, constituindo, ao mesmo tempo, “uma oportunidade para escalar a novos contextos, projetos educativos desenvolvidos com muito sucesso no primeiro ciclo de vida da EUGLOH”.

“Com este alargamento, a comunidade académica EUGLOH sai muito reforçada, verificando-se um aumento muito substancial no número de estudantes, docentes, investigadores e técnicos que constituem a nossa comunidade. Adicionalmente, sai também reforçada a interculturalidade e o compromisso da Aliança com os valores europeus e amplificam-se ainda mais as oportunidades de explorar sinergias entre as nove Universidades que integram a Aliança”, refere a Vice-Reitora.

O alargamento da EUGLOH já tinha sido anunciado no final primeira cimeira anual da Aliança, que decorreu na U.Porto em outubro de 2021. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

Dar seguimento a uma história de sucesso

A European University Alliance for Global Health (EUGLOH) começou a ganhar forma em junho de 2019, com a aprovação, pela Comissão Europeia, daquela que constitui uma das primeiras 17 alianças de universidades do continente.

O projeto foi lançado oficialmente em setembro de 2019, em Paris, e assumia objetivo central a criação de um “campus europeu integrado”, no qual as comunidades das várias universidades podem circular e cooperar entre si nos domínios do ensino, investigação e da inovação na área da saúde global (incluindo a medicina do futuro, as alterações climáticas, os riscos ambientais, a biodiversidade e as tecnologias/saúde digital para a saúde e bem-estar).

A pandemia de COVID-19 acabaria, contudo, por marcar os primeiros anos de vida da Aliança, na medida em que, como nota Joana Resende, “as fortes restrições à mobilidade física durante os períodos de confinamento impediram a execução de algumas atividades previstas no projeto inicial”.

Nada que tivesse impedido as cinco universidades de se mobilizarem “para transformar as dificuldades em oportunidades”. Nesse sentido, acrescenta a Vice-Reitora, “rapidamente foi possível reconfigurar um conjunto alargado de atividades para diferentes formatos a distância, fomentando novas formas de mobilidade (mobilidade virtual) e potenciando experiências de interculturalidade e internacionalização a distância”.

Deste trabalho resultou, por exemplo, a dinamização e disseminação de mais de 200 atividades de ensino e formação de curta-duração que, só na U.Porto, mobilizaram mais de 2000 estudantes. O envolvimento da comunidade académica traduziu-se ainda na inclusão de oito estudantes no comité estudantil – International Student Board — da Aliança ou no envolvimento de mais de 200 docentes e técnicos da Universidade em atividades e grupos de trabalho da EUGLOH.

Joana Resende destaca, de resto, o “papel central” que a U.Porto vem desempenhando no quadro da Aliança, tanto “na definição da missão, da visão e da estratégia para o futuro da EUGLOH”, como “no desenho, coordenação e implementação de um conjunto alargado de atividades”.

A este nível, são de realçar as atividades incluídas no Work Package (WP) que a Universidade coordena – e continuará a coordenar – no domínios da empregabilidade, competências transversais e aprendizagem ao longo da vida. Atividades essas que visam contribuir para “o desenvolvimento de competências profissionais e pessoais alinhadas com as necessidades cada vez mais exigentes do mercado de trabalho”, a “aproximação dos ecossistemas de inovação e empreendedorismo da comunidade EUGLOH” e o “estímulo a processos de cocriação de atividades formativas com empresas e outros stakeholders externos”.

EUGLOH teve “impacto muito positivo” na U.Porto

A Vice-Reitora destaca igualmente as mais-valias que a EUGLOH tem trazido para a Universidade, cujo “forte envolvimento” na Aliança (recorde-se que a U.Porto organizou a primeira cimeira anual da Aliança, em 2021) permitiu-lhe “consolidar de forma muito assinalável o seu prestígio e notoriedade junto dos parceiros (onde se incluem das mais prestigiadas universidades na Europa”.

“Adicionalmente, através da troca de boas práticas e da implementação de atividades formativas fortemente inovadoras, foi possível concretizar processos de transformação institucional com impacto muito positivo na nossa Universidade, em dimensões como a internacionalização e novas formas de mobilidade, a inovação pedagógica, a interdisciplinaridade, a interculturalidade, ou a aproximação academia-indústria”, conclui Joana Resende.

Para além da EUGLOH, a Comissão Europeia renovou o financiamento a 15 dos outros consórcios-piloto originais, que poderem assim prosseguir as suas missão tendo em vista o estabelecimento de um verdadeiro “Espaço Europeu da Educação”.