A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), em conjunto com os Lions Portugal, distinguiu recentemente um projeto em tumores cerebrais pediátricos, liderado pelo investigador Jorge Lima, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S). O projeto chama-se PEDILIQ, centra-se em tumores com taxas significativas de mortalidade e morbilidade, e foi financiado com uma Bolsa de Investigação Médica LPCC/Lions, no valor de 13.500 euros.

Neste projeto, a equipa multidisciplinar, constituída por investigadores do i3S e do Ipatimup Diagnósticos (Jorge Lima, Paula Soares e José Carlos Machado) e médicos do Centro Hospitalar Universitário S. João (Maria João Gil da Costa e Jorge Pinheiro) vai procurar validar as biópsias líquidas como uma fonte de material genético para o diagnóstico molecular e seguimento de tumores cerebrais pediátricos. O objetivo passa por evitar, quando possível, a cirurgia, com todos os riscos que isso acarreta.

As biópsias líquidas, explica Jorge Lima, do grupo de investigação Cancer Signalling & Metabolism e da Unidade de Investigação e Inovação, “são biópsias obtidas a partir de líquidos circulantes, nomeadamente líquido cefalorraquidiano e sangue e são particularmente relevantes em tumores cerebrais pediátricos, dados os riscos envolvidos na obtenção de biópsia tecidular cerebral”. Desta forma, “quando não for possível ou desejável operar, melhoramos também a qualidade de vida destas crianças”, acrescenta.

Para além disso, “com a biópsia líquida pretendemos também identificar possíveis alvos para tratamento personalizado e aperfeiçoar a monitorização dos doentes, mesmo quando são biopsados, possibilitando o diagnóstico precoce de recaídas nos casos em que as imagens deixam dúvidas”, acrescenta Maria João Gil da Costa, oncologista pediátrica que acompanha muitas destas crianças.

Neste estudo, adianta Jorge Lima, “vamos incluir todos os novos doentes com diagnóstico inaugural de tumores cerebrais pediátricos, bem como doentes com diagnóstico anterior, mas cuja doença se encontre em progressão, ou seja grave e/ou irressecável. Prevemos que o projeto se desenvolva num ano e contabilize 20 a 30 doentes”».

Sobre as Bolsa de Investigação Médica LPCC/Lions

As Bolsa de Investigação Médica LPCC/Lions foram lançadas no passado mês de maio e, segundo o presidente da LPCC, Vítor Rodrigues, são “um reforço do compromisso da LPCC na investigação científica em Oncologia”, resultam da assinatura de um protocolo entre as duas instituições, no valor total de 27 mil euros, no início de 2020.

Para além do projeto do i3S, a iniciativa distinguiu também um projeto liderado pela investigadora Célia Gomes, do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica (iCBR) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em parceria com Antero Abrunhosa do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS).

A cerimónia de entrega das bolsas decorreu no passado dia 28 de junho, em Águeda.