Sónia Melo, IPATIMUP

Sónia Melo (Foto: DR)

Chamam-se exossomas, são pequenas vesículas libertadas pelas células para o sangue e o seu estudo pode conduzir ao desenvolvimento de novas formas de diagnóstico e tratamento do cancro. Essa é pelo menos a esperança de Sónia Melo, investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) que integra o trio de cientistas distinguidas na 11.ª edição das “Medalhas de Honra L‟Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência”, galardão que premeia anualmente os  novos talentos da ciência portuguesa no feminino.

O projeto premiado tem como objetivo desenvolver um método de extração dos exossomas que circulam no sangue dos pacientes com cancro. Na prática trata-se de fazer uma “biopsia líquida” que permita, a partir da informação recolhida nos exossomas, retratar e perceber como comunicam entre si as diferentes populações de células cancerosas.

Menos invasivo do que a biopsia tradicional, o método proposto por Sónia Melo – que, em investigações anteriores, já mostrou que os exossomas podem transformar células saudáveis em células cancerosas – pode, caso seja bem sucedido, ajudar a acelerar o diagnóstico do cancro, mas também a monitorizar a evolução da doença – incluindo aspetos como a criação de metástases e a resistência às terapias – e conduzir à aplicação de tratamentos mais dirigidos a cada paciente.

Licenciada em Bioquímica pela Faculdade de CIências da U.Porto, Sónia Melo terminou em 2010 o Programa Graduado em Áreas da Biologia Básica e Aplicada (GABBA), durante  o qual passou pelo IPATIMUP, pela Faculdade de MEdicina da U.Porto, pelo CNIO-Centro Nacional de Investigaciones Oncológicas (Madrid) e pelo ICO-Institute Catalan de Oncologia (Barcelona). Seguiram quatro anos de pós-doutoramento nos Estados Unidos (Harvard Medical School e MD Anderson Cancer Center) e o regresso ao IPATIMUP, em meados de 2014, como investigadora principal.

Para além de Sónia Melo, o júri das Medalhas de Honra L`Oréal – presidido por Alexandre Quintanilha, professor do ICBAS – distinguiu ainda os trabalhos de Raquel Ferreira, investigadora do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, e de Vânia Calisto, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro.

O galardão, no valor de 20 mil euros, vai ser entregue esta quinta-feira, dia 22 de janeiro, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

Sobre as Medalhas de Honra L`Oréal

Lançadas em 2004, numa parceria da L‟Oréal Portugal, Comissão Nacional da UNESCO e Fundação para a Ciência e a Tecnologia, as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência nasceu para “distinguir e incentivar o trabalho das mais promissoras jovens cientistas”, com menos de 35 anos, que desenvolvam a sua pesquisa em instituições portuguesas, com projetos originais no âmbito das ciências da saúde e do ambiente.

Entre as 34 cientistas distinguidas pela gigante multinacional de cosméticos nas dez edições anteriores incluem-se cinco investigadoras da U.Porto: Sandra Sousa (IBMC, 2005), Maria Oliveira (INEB, 2009), Joana Marques (FMUP, 2010), Inês Gonçalves (INEB, 2014) e Joana Tavares (IBMC, 2014).