As estudantes e investigadoras Telma Costa e Ana Manuela Borges, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto, participaram recentemente na AstraZeneca Foundation Innovate Competition (Conferência iMed 12.0, em Lisboa), tendo conquistado o prémio de melhor apresentação oral nas categorias de investigação Básica e de investigação Translacional, respetivamente.

Cada uma das investigadoras recebeu uma bolsa no valor de três mil euros para aplicarem nos projetos de investigação em cancro que estão a desenvolver no âmbito das respetivas dissertações de mestrado.

O trabalho de Telma Costa centra-se na leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T (LLA-T) e na compreensão dos seus mecanismos. Neste projeto, que está a ser desenvolvido no grupo “Intercellular Communication and Cancer” do i3S, “procurámos eliminar células mieloides (nas quais se incluem as células dendríticas e macrófagos) do microambiente tumoral em murganhos transgénicos para verificarmos que efeito teria no desenvolvimento e progressão da doença in vivo”, explica a estudante do Mestrado em Oncologia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e licenciada em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP).

Resultados preliminares do estudo “revelam que a deleção deste tipo de células parece atrasar a progressão da doença, verificando-se uma menor carga tumoral nos órgãos afetados pela mesma”. Para além disso, sublinha Telma Costa, “estes resultados sugerem que as células mieloides têm um papel preponderante na evolução da leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T”.

Nova estratégia contra o cancro colorretal

Já o projeto que Ana Manuela Borges está a desenvolver no grupo “Tumour and Microenvironment Interactions” do i3S, em colaboração com o grupo “Intercellular Communication and Cancer” e o Serviço de Anatomia Patológica do Centro Hospitalar Universitário São João, centra-se no estudo do microambiente tumoral do cancro colorretal. Ou seja, no papel de todas as outras células não tumorais e da matriz extracelular que coabitam com o tumor, e cuja atividade regula o comportamento das células tumorais e dita o sucesso da progressão da doença.

“Estamos agora a estudar os mecanismos moleculares subjacentes à atividade anti-inflamatória e pro-invasiva da CCL18, uma quimiocina imunossupressora que tem sido associada a mau prognóstico em várias neoplasias”, explica a estudante do Mestrado em Medicina e Oncologia Molecular da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) e licenciada em Biologia pela FCUP.

Segundo Ana Manuela Borges, os resultados promissores obtidos “demonstram que a CCL18 é significativamente mais expressa na frente invasiva de tumores mais avançados”.

“Temos agora por objetivo desenvolver uma nova estratégia terapêutica que, tendo por alvo esta molécula, modele o microambiente imunossupressor dos tumores e que evite, assim, a progressão da doença”, projeta a jovem investigadora.