A investigadora Inês Alves, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi recentemente distinguida pela prestigiada European Molecular Biology Organization (EMBO) com uma “EMBO Scientific Exchange Grant”, que lhe permitirá aprender novas técnicas de investigação na área do Lúpus e das doenças autoimunes em geral no Departamento de Reumatologia do Centro Médico da Universidade de Leiden (LUMC), na Holanda.

A frequentar atualmente o último ano do programa doutoral de Biomedicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e a desenvolver investigação no grupo «Immunology, Cancer & GlycoMedicine» do i3S, liderado por Salomé Pinho, Inês Alves explica que, neste estágio na Universidade de Leiden, pretende “explorar o papel dos glicanos (açucares) na superfície das células renais de doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) no desenvolvimento de respostas inflamatórias exacerbadas e na produção de auto-anticorpos”.

O projeto agora distinguido surge na sequência de estudos anteriores desenvolvidos no grupo, e já premiados pela Pfizer, com o prémio Pfizer – Investigação Clínica 2021, e pelo Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) com o Prémio Nacional de Investigação em Autoimunidade.

Nestes trabalhos, a equipa liderada por Salomé Pinho mostrou que doentes com LES exibem à superfície das células do rim uma composição alterada de açúcares (glicanos) e que isso parece ser uma peça fundamental para um reconhecimento anómalo por parte do sistema imune, desencadeando uma resposta inflamatória exacerbada no rim, característica desta doença autoimune.

No Departamento de Reumatologia da Universidade de Leiden, reconhecido mundialmente na área das doenças autoimunes, Inês Alves vai “fazer uma caracterização completa e exaustiva dos glicanos usando amostras clínicas de doentes com Lúpus e estabelecer uma relação com fatores de prognóstico e outros fatores clínicos dos doentes”.

O objetivo, adianta a investigadora, “é também trazer novos conhecimentos e tecnologias únicas usadas no LUMC na área da imunologia para o i3S”. Este projeto, sublinha, “poderá identificar novos mecanismos causais da doença e consequentemente novas abordagens para melhorar a monitorização clínica e terapêutica de doentes com Lúpus e com doenças autoimunes em geral”.

Para a investigadora, é “uma honra” receber esta distinção por parte da EMBO, já que lhe permitirá viver “uma experiência única num laboratório com tecnologia de ponta na área da imunologia e aprender técnicas essenciais para a execução do projeto, num ambiente de investigação clínica, nomeadamente em doentes com doenças autoimunes”.