O estudo do ISPUP, publicado na revista “International Journal of Obesity”, mostra que a obesidade infantil continua a aumentar em Portugal.

A obesidade infantil continua a aumentar em Portugal, segundo um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que avaliou a incidência e a prevalência deste indicador de saúde em crianças da Área Metropolitana do Porto, que integram o estudo longitudinal Geração XXI.

A obesidade é hoje em dia descrita como uma epidemia e é provavelmente um dos principais problemas de saúde das crianças, no mundo ocidental. As crianças obesas têm maior risco de se tornarem adultos obesos e estão mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças metabólicas precocemente. Por esta razão, caracterizar a epidemia da obesidade e identificar as idades de maior risco para o desenvolvimento da condição, é de maior importância.

O referido estudo, publicado na revista International Journal of Obesity, “descreveu a incidência (novos casos) e a prevalência (número total de indivíduos com a condição) de obesidade nas crianças que fazem parte do projeto Geração XXI, que desde 2005 acompanha mais de 8600 crianças da Área Metropolitana do Porto. Pretendíamos reunir num único artigo as estimativas de obesidade ao longo da infância para rapazes e raparigas que fazem parte desta coorte”, explica Ana Cristina Santos, coordenadora do trabalho.

Os investigadores estimaram a obesidade com base nas avaliações realizadas no âmbito da coorte aos 4, 7 e 10 anos de idade dos participantes.

Ao contrário dos países do Norte da Europa, onde parece haver uma estabilização nos números de obesidade infantil, vimos que, em Portugal, há um aumento da incidência e prevalência de obesidade entre as crianças. Na Geração XXI, uma coorte longitudinal da população do Porto, não encontramos evidência de estabilização da obesidade”, refere.

Os investigadores constataram que o número de novos casos de obesidade aumentou no início da infância, dos 4 para os 7 anos, e que as meninas já aos 4 anos de idade têm maior prevalência de obesidade do que os rapazes.

Segundo Ana Cristina Santos, estes dados mostram que “é necessário continuar a investir na prevenção da obesidade infantil e que as intervenções necessárias devem acontecer em idades precoces, contribuindo para uma maior eficácia na redução deste problema de saúde em Portugal”.

O artigo intitulado Time Trends in prevalence and incidence rates of childhood overweight and obesity in Portugal: Generation XXI birth cohort (https://doi.org/10.1038/s41366-018-0286-8) é também assinado pelas investigadoras Ana Isabel Freitas e Carla Moreira.