graffiti HIV_ISPUP

O graffiti de André Ferreira pinta uma das paredes do edifício do ISPUP, na Rua das Taipas (Foto: ISPUP)

A ideia foi juntar o útil ao agradável e fazer um graffiti numa fachada do edifício do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) que desse vida a uma parede muitas vezes vandalizada e, simultaneamente, apelasse à realização do teste ao VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana). Mas não bastava a ideia. Era preciso mão artística para levar a iniciativa avante. O desafio foi abraçado por André Ferreira, finalista do curso de Artes Plásticas – Pintura da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e o resultado pode ser apreciado num passeio pela Rua das Taipas, sede do ISPUP.

Inaugurado no passado dia 25 de novembro, o painel em graffiti, onde se destacam dois gatos roxos e a Torre dos Clérigos como pano de fundo – foi umas iniciativas dinamizadas pelo ISPUP  para assinalar a Semana Europeia do Teste VIH-Hepatites (20 a 27 de novembro). “Acho muito importante que sejam feitas interações deste género com a população, dado que as pessoas têm medos/preconceitos/indisposição em relação ao teste e esta pode ser uma boa forma para, de um modo pouco invasivo, fazer com que as pessoas se predisponham a fazer o teste”, salienta André Ferreira.

“Queremos combater o estigma, porque as pessoas muitas vezes pensam que o vírus afeta o outro. E, representando o vírus do VIH, queremos que quem olhe para o objeto de arte reflicta e dialogue sobre esta questão”, explicou por sua vez Pedro Oliveira, professor e membro da direção do ISPUP, em declarações ao jornal PÚBLICO.

As ações promovidas pelo ISPUP no âmbito da Semana Europeia do teste VIH-Hepatites 2015 arrancaram ainda no início de novembro com uma sessão de sensibilização junto dos alunos do 11º ano da Escola Secundária Aurélia de Sousa.  Já a 27 de novembro, o instituto promove um seminário científico sobre “HIV and hepatitis: where do we stand now?”.

No mesmo dia, é lançado o concurso nacional – “Infeção VIH – Teste? Porquê?” – dirigido aos alunos do ensino básico e do ensino secundário. O objetivo é pôr os mais novos a pensarem em respostas conscientes e criativas a estas perguntas e a materializarem-nas sob a forma de texto, imagem, vídeo ou escultura.

“Sabemos que diagnosticar cedo as infeções permite que os indivíduos tenham um melhor prognóstico e uma melhor qualidade de vida e que isto também tem benefícios para toda a população já que se aumentarmos o diagnóstico precoce das infeções, garantindo a ligação aos cuidados de saúde e ao tratamento, vamos com certeza diminuir a transmissão da infeção”, realça a equipa do ISPUP responsável pelas atividades da Semana do Teste VIH-Hepatites.

“Teste”, “Tratamento” e “Prevenção” foram os lemas deste ano da Semana Europeia do teste VIH-Hepatites. Uma iniciativa que teve início em 2013 e tem como principal objetivo alertar a população para saber o seu estatuto serológico relativamente ao VIH. Esta semana oferece aos parceiros (cerca de 400 inscrições de instituições Europeias) a oportunidade de se unirem para aumentar a consciência relativamente aos benefícios de realizar teste para o VIH e as Hepatites víricas, nomeadamente a B e C, diminuindo deste modo o diagnóstico tardio das respetivas infeções.

Atualmente, pelo menos um em cada três dos 2,5 milhões de pessoas que vivem com VIH na Europa não sabem que são VIH positivo. Metade das pessoas que vivem com VIH são diagnosticadas tardiamente – o que atrasa o acesso ao tratamento. Observa-se também que Hepatite B e C são comuns no grupo da população em risco ou que vivem com VIH. Cerca de 13,3 milhões de pessoas vivem com Hepatite B na Região Europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS) e 15 milhões de pessoas vivem com Hepatite C na mesma região.