Isabel Ventura e o seu trio apresentam-se, no próximo dia 3 de junho, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto com o projeto Nun Me Lhembra de Squecer, propondo canções originais claramente enquadradas no idioma jazz,  mas com a particularidade de serem interpretadas em língua mirandesa.

Ao contrário de outros projetos saídos das terras de Miranda, Isabel Ventura e Marcos Figueiredo, que é o principal compositor dos temas, não pretendem incorporar elementos da música tradicional, mas promover a ligação entre a balada jazz e a expressão poética de Amadeu Ferreira, autor mirandês conhecido pelo seu trabalho de promoção da língua vernacular destas terras do Nordeste.

Isabel Ventura confessa que “associar o mirandês ao jazz pareceu-me à primeira vista uma tarefa difícil pela aparente incompatibilidade de uma língua rústica, antiga, com um género musical contemporâneo”.

Ora, se este casamento é feliz ou não ficará dependente do julgamento de cada um dos ouvintes que demandar a Casa Comum para ouvir Nun Me Lhembra de Squecer. Contudo, e apesar de aos ouvidos dos que só “falam fidalgo” (quer dizer, português) ela ter indubitavelmente um sabor arcaico, a verdade é que a língua mirandesa, nomeadamente neste enquadramento jazzístico, revela uma óbvia qualidade expressiva, acentuada pelo dramatismo de algumas das composições.

A acompanhar a voz de Isabel Ventura estarão Marco Figueiredo no piano, João Paulo Rosado no contrabaixo e Filipe Monteiro na bateria.

Com início marcado para as 21h30, o espetáculo tem entrada livre, ainda que sujeita à lotação da sala.

Como “aperitivo” para o concerto, a Casa Comum convida a afinar previamente os ouvidos para a sonoridade do mirandês escutando o podcast Terreiro de la Lhéngua 25, produzido pela Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa.