Em águas balneares do Norte de Portugal, classificadas como excelentes para banhos de acordo com a legislação em vigor, foram detetadas bactérias do género Vibrio (V. cholerae, V. parahaemolyticus e V. vulnificus), algumas patogénicas para o ser humano, inclusive resistentes a antibióticos.

O aumento da temperatura, as variações de salinidade e a concentração de partículas na água parecem ser responsáveis pela propagação destas bactérias, que representam um risco não contabilizado para a saúde pública, uma vez que a avaliação oficial é feita exclusivamente por indicadores fecais.

Os resultados foram obtidos no âmbito do projecto BeachSafe, em curso no Laboratório de Hidrobiologia e Ecologia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), que tem estudado a presença de agentes microbianos emergentes em dez praias atlânticas – Afife, Ofir, Póvoa de Varzim, Árvore, Matosinhos, Salgueiros, Aguda, Paramos, Cortegaça e São Jacinto – durante um período de 14 meses.

O número de infeções relacionadas com a água balnear em todo o mundo, incluindo na Europa, tem vindo a crescer nos últimos anos. A maioria dos casos está associada a bactérias autóctones que encontram condições favoráveis para se propagarem, devido às alterações climáticas, ou a vírus entéricos, em resultado das descargas de águas residuais brutas ou deficientemente tratadas.

O projeto BeachSafe – Poluentes microbianos emergentes em águas balneares (PTDC/SAU-PUB/31291/2017) é cofinanciado pelo COMPETE 2020, Portugal 2020 e pela União Europeia através do FEDER e pela FCT através de fundos nacionais.

Investigação tem recolhido amostras das águas das praias nortenhas de Afife, Ofir, Póvoa de Varzim, Árvore, Matosinhos, Salgueiros, Aguda, Paramos, Cortegaça e São Jacinto.

Um novo sistema para a monitorização de poluentes

O Laboratório de Hidrobiologia e Ecologia do ICBAS está ainda a desenvolver um projeto, em colaboração com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa – Porto, com o intuito de desenvolver uma nova metodologia para a deteção e monitorização, em tempo real, de poluentes persistentes em águas recreativas.

O impacto socioeconómico das águas recreativas, como as de zonas de lazer, turismo e comércio, é vital para países turísticos costeiros como Portugal, sendo que a conservação da sua qualidade e sustentabilidade é crucial para a sustentabilidade ambiental da atividade.

O projecto MOPPWATER tem como analitos alvo vários metais pesados e de transição (cádmio, chumbo, cobre, crómio, níquel e zinco), poluentes inorgânicos persistentes, o ferro e o tributilestanho (TBT).

O sistema de deteção e monitorização em desenvolvimento apresenta evidentes vantagens em relação aos utilizados atualmente, em termos de custos, consumo de reagentes, portabilidade, baixa toxicidade e especiação de substâncias a analisar.

O projecto MOPPWATER –  Novos sistemas sensores para monitorização de poluentes persistentes em águas de recreio (PTDC/CTA-OHR/31522/2017) é cofinanciado pelo COMPETE 2020, Portugal 2020 e pela União Europeia através do FEDER e pela FCT através de fundos nacionais.

Projeto MOPPWATER pretende desenvolver uma nova metodologia para a deteção e monitorização, em tempo real, de poluentes persistentes em águas recreativas, como é o caso das marinas marítimas e fluviais.