Um grupo de investigadores liderado por Elsa Logarinho, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, da Universidade do Porto (i3S), descobriu um novo composto capaz de corrigir a instabilidade do material genético, uma característica que está na base do envelhecimento celular.

A descoberta foi publicada na prestigiada revista científica EMBO Reports, e teve honras de capa na edição de maio. Afinal, trata-se da primeira estratégia farmacológica de rejuvenescimento celular baseada no aumento da estabilidade cromossómica.

Em busca da fonte da juventude

Capa da edição de maio de 2020 da “EMBO Reports”. (clicar na imagem para aumentar)

Na última década assistiu-se a um aumento exponencial da população com idade superior a 65 anos, o que torna as doenças associadas ao envelhecimento um problema de saúde pública a nível mundial. E sendo Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo, a investigação nesta área é ainda mais prioritária, sobretudo face ao contexto atual de COVID-19, que afeta com maior gravidade os idosos.

É nesse sentido que o grupo «Aging and Aneuploidy» do i3S, liderado por Elsa Logarinho, vem estudando as vias genéticas e bioquímicas que afetam a velocidade do envelhecimento com o objetivo de desenvolver terapias que possam atrasar, ou mesmo reverter, o envelhecimento.

No trabalho agora publicado, “provamos que existe uma relação entre o envelhecimento e a instabilidade cromossómica (aumento da frequência de erros na transmissão do material genético durante a divisão das células)”, explica a investigadora.

Neste trabalho, os investigadores conseguem, não só identificar o mecanismo celular responsável pela instabilidade dos cromossomas em células de pessoas idosas, mas também apresentar um fármaco capaz de corrigir esse mecanismo celular.

Nova terapia na forja

Como sublinha Elsa Logarinho, o novo composto representa então “a primeira estratégia farmacológica de rejuvenescimento celular através da inibição de instabilidade cromossómica”.

O composto foi testado em células da derme de pacientes idosos. A próxima fase, adianta a investigadora, são os “ensaios pré-clínicos, que espero que recebam financiamento, para validação deste composto como terapia anti-envelhecimento”.

De acordo com a investigadora, estes ensaios “destinam-se a caracterizar e otimizar as propriedades farmacocinéticas do composto (absorção, distribuição, metabolismo e excreção) in vitro e in vivo (modelo animal), validando o seu potencial e segurança para futuros ensaios clínicos”.