Segundo a OMS, mais de 50% da população masculina sofrerá de calvície até aos 50 anos. (Foto: DR)

O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto, e a Clínica Saúde Viável estabeleceram recentemente uma parceria com o objetivo de revolucionar a saúde capilar. Numa relação clara entre o setor clínico privado, a investigação em biologia e a investigação aplicada em bioengenharia, a ideia deste protocolo é desenvolver investigação em células estaminais de folículos capilares com vista à resolução da calvície.

A alopecia, ou perda de cabelo acentuada, constitui um problema que ultrapassa a barreira das questões estéticas, causando muitos estigmas sociais e auto-desvalorização pessoal. A forma corrente de mitigar este fenómeno baseia-se na via farmacológica. Porém, em fases adiantadas, o transplante capilar revela-se a única alternativa para a recuperação do bem-estar psicossocial dos indivíduos vítimas dessa condição. Os avanços tecnológicos são notórios, nomeadamente na robotização do transplante, embora o número de folículos de boa qualidade disponíveis seja um dos fatores limitativos. Os recentes avanços na medicina regenerativa podem ser a chave para resolver a disponibilidade de folículos capilares em número e qualidade suficiente para responder às necessidades. É precisamente isso que se pretende com este projeto de parceria.

O projeto assenta numa abordagem científico-tecnológica que seguirá duas vias complementares essenciais: a exploração do potencial das células estaminais dos folículos capilares e o desenvolvimento de ambientes artificiais tridimensionais capazes de mimetizar o nicho estaminal do folículo, proporcionando assim o ambiente ideal para a multiplicação dessas células.

Segundo o Diretor Clínico da Clínica Saúde Viável, Carlos Portinha, «os estigmas sociais são imensos, condicionando em muito o sucesso social dos indivíduos afetados». Atualmente, adianta, a «tecnologia que temos disponível está limitada à fonte de folículos saudáveis, que têm sempre origem no próprio paciente. Daí a importância de ultrapassar esta limitação».

Para o investigador Pedro Granja, «são muitos os laboratórios que procuram resolver a limitação do número de folículos saudáveis, mas no i3S podemos contribuir para resolver este problema usando uma abordagem multidisciplinar, dado cruzarem-se várias áreas do conhecimento no nosso instituto, desde a biologia molecular e celular fundamental, até à bioengenharia aplicada». Para o feito, “vamos criar sinergias entre Biologia Básica das células estaminais do folículo capilar e a Bioengenharia de produção de ambientes tridimensionais que permitam a melhor manutenção dessas estruturas até ao momento do implante no paciente”, concretiza Elsa Logarinho, também investigadora do i3S,

“Este é um projeto de investigação de vanguarda. Pretende-se desenvolver investigação em células estaminais que, ao permitir a multiplicação de folículos, pode eliminar um problema que afeta mulheres e homens em todo o mundo”, acrescenta Paulo Ramos, administrador da Clínica Saúde Viável.

Recorde-se que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 50% da população masculina sofrerá de calvície até aos 50 anos. Existem também estudos que associam a queda de cabelo acentuada a complicações psicológicas, nomeadamente ansiedade e depressão.