Ana Sofia Saldanha, António Viana da Fonseca e Cristiana Ferreira são os três investigadores com ligação ao Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) que conquistaram recentemente o Prémio Úlpio Nascimento para o biénio 2018-2019.

Entregue pela Sociedade Portuguesa de Geotecnia na cerimónia de celebração dos 50 anos da prestigiada Revista Geotecnia, que decorreu no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, o prémio reconheceu a investigação relacionada com o microzonamento de suscetibilidade à liquefação induzida por sismos na região de Lisboa, num caso de estudo feito ao vale inferior do rio Tejo.

“Esta é uma área intensamente povoada e com inúmeras infraestruturas sujeitas a risco de liquefação no caso de prováveis terramotos de grande intensidade”, avança António Viana da Fonseca, igualmente professor e diretor do Laboratório de Geotecnia da FEUP.

Para a realização do projeto, foi recolhida uma vasta informação geológico-geotécnica existente para seleção de locais piloto segundo critérios objetivos: disponibilidade de dados geológicos e técnicos, presença de depósitos de solo liquidificáveis, casos documentados de manifestações de liquefação ocorridas no passado, representatividade de diferentes configurações geológicas e densidade de população em áreas selecionadas.

Escolheu-se a zona do concelho de Benavente e Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, numa campanha experimental que envolveu diversos ensaios e métodos geofísicos e ainda a recolha de amostras de alta qualidade para caracterização laboratorial. As análises incidiram na avaliação de Índices de suscetibilidade, perigosidade e vulnerabilidade das estruturas sujeitas a assentamentos e deslocamentos laterais potenciando danos e perdas significativos.

“Daqui, foi proposto um microzonamento preliminar de suscetibilidade à liquefação induzida por sismos”, como explica Cristiana Ferreira, investigadora do Instituto de I&D em Estruturas e Construção (CONSTRUCT) da FEUP, traduzindo-se posteriormente num mapa de risco interativo que vai ajudar a fazer face às implicações quotidianas na vida de centenas de milhares de habitantes dos concelhos de Vila Franca de Xira e Benavente.

O trabalho dos investigadores resultou das sinergias do projeto europeu LIQUEFACT, do qual a Faculdade de Engenharia é parceira e associada. A iniciativa focou-se na avaliação e mitigação do potencial de liquefação em toda a Europa, numa abordagem holística para proteger estruturas e infraestruturas para melhorias de resiliência a desastres de liquefação induzidos por terramotos.

Com coordenação na FEUP pela mão de António Viana da Fonseca, contou com mais de cinco milhões euros de financiamento (dos quais 500 mil foram destinados à FEUP) através do programa europeu Horizonte 2020, tendo arrancado em maio 2016 e prolongado ao longo de 42 meses.