Boas notícias para quem gosta de morangos (e também para quem os produz). Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do GreenUPorto – Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável integra um projeto que pretende entender e controlar o aparecimento e desenvolvimento de uma doença denominada podridão cinzenta, prolongando desta forma prolongar a vida útil do fruto.

Quantas vezes compramos morangos com ótimo aspeto e passados poucos dias temos de descartá-los devido ao aparecimento de um bolor cinzento à volta? O culpado é o fungo Botrytis cinerea, que apenas se desenvolve no fruto maduro.

“Os esporos já lá estão nos frutos, mas não os vemos”, começa por explicar Susana Carvalho, docente da FCUP que lidera este projeto. “Este fungo pode infetar cerca de 500 espécies de plantas, entre as quais se incluem culturas tão importantes quanto a vinha, tomate, kiwi, maçã, framboesas e outros pequenos frutos. Leva a perdas muito significativas na produção, na pós-colheita e depois no consumidor”, acrescenta a também investigadora do GreenUPorto.

No combate a este fungo são usadas quantidades elevadas de produtos fitofarmacêuticos e, por isso, um dos objetivos dos investigadores é também identificar e otimizar a aplicação de substâncias mais sustentáveis, que potenciem os produzidas pela própria planta como mecanismos de defesa da própria planta contra o ataque deste fungo.

Algumas destas substâncias, conhecidas como elicitadores, serão testadas numa estufa de morangos produzidos em hidroponia, localizada nas instalações do GreenUPorto, no Campus de Vairão.

Aspeto de um morango não infetado e de um morango infetado e que desenvolveu o fungo. Fotos: GreenUPorto

Ao fim de três anos de projeto, esta equipa espera poder encontrar alternativas aos produtos fitofarmacêuticos, para que haja uma redução acentuada da perda destes frutos (ao longo de toda a cadeia de produção e comercialização) e para promover a produção de frutos de melhor qualidade com ‘resíduo zero’, indo de encontro às expectativas dos consumidores. “Pretendemos saber quais os elicitadores com um efeito mais eficaz e com que frequência e em que doses é que devem ser aplicados no campo, para garantir melhores frutos para o consumidor”, clarifica Susana Carvalho.

O projeto, financiado pela FCT, em cerca de 240 mil euros, será realizado em colaboração com a Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

Para além de Susana Carvalho, estão envolvidas neste projeto a investigadora Tânia Fernandes e a estudante de doutoramento em Ciências Agrárias na FCUP, Chiara Murena.