Nesta fase inicial, a Rede conta com a participação de investigadores de 14 instituições científicas. (Foto: i3S)

As investigadoras do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Universidade do Porto (i3S) Anabela Cordeiro da Silva, Helena Vasconcelos e Susana Santos decidiram juntar esforços, reunir os Investigadores Principais (PIs) portugueses que trabalham em vesículas extracelulares e formar uma rede nacional: a Portuguese Network on Extracellular Vesicles (PNEV). O objetivo é congregar esforços dos cerca de 150 a 200 investigadores a trabalhar nesta área em Portugal, trocar informações num tema que é ainda muito novo, e ganhar força a nível internacional.

Para já, a Rede conta com a participação de investigadores de 14 instituições científicas portuguesas e as promotoras já começaram a organizar a primeira conferência, que terá lugar em junho de 2020, no Porto. Entretanto, a PNEV estará representada numa reunião da congénere espanhola, em Granada, e também no meeting da Sociedade Internacional, em Filadélfia, EUA. O próximo passo, revela Susana Santos, do grupo «Microenvironments for New Therapies», poderá passar pela criação de uma Sociedade ou Associação Portuguesa de investigadores que trabalhem em vesículas extracelulares (EVs).

As EVs são vesículas muito pequenas libertadas por células, com uma membrana lipídica de duas camadas e com algum conteúdo da célula dadora. Desempenham um papel fundamental na comunicação intercelular, influenciando a função das células recetoras mesmo em locais muito distantes. Desempenham, por isso, um papel muito importante em vários fenómenos fisiológicos e patológicos do nosso organismo e são significativas para o trabalho que é desenvolvido em todas as áreas de investigação do i3S: envelhecimento, cancro, doenças infeciosas, neurobiologia, bioengenharia e medicina regenerativa.

«Esta iniciativa mostra bem como foi importante formar o i3S», sublinha Helena Vasconcelos, líder do grupo de investigação «Cancer Drug Resistance» e docente da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP). «É um excelente exemplo da união de esforços das três linhas de investigação do Instituto», acrescenta Anabela Cordeiro da Silva, que lidera o grupo «Parasite Disease» no i3S e é também docente na FFUP.

As investigadoras que coordenam a Rede adiantam ainda que as EVs «alcançaram um interesse e entusiasmo generalizados a nível internacional» e que a comunidade de investigação portuguesa nesta área «está a crescer e a realizar um trabalho impressionante, em muitas universidades portuguesas e centros de investigação». No entanto, a interação entre os investigadores não estava organizada e foi precisamente isso que motivou as três investigadoras do i3S.

Os objetivos da PNEV passam por implementar colaborações entre a comunidade científica portuguesa que trabalha com EVs, incrementar o intercâmbio entre laboratórios, partilhar recursos, organizar cursos online / cursos práticos / conferências / reuniões / workshops, facilitar candidaturas a financiamentos para investigação, promover a investigação portuguesa no estrangeiro e por criar «grupos de trabalho / interesse» especializados dentro da rede.