As investigadoras Maria do Carmo Pereira e Joana Loureiro, do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), fazem parte do consórcio que foi distinguido com o Prémio Mantero Belard 2021, um dos Prémios Santa Casa Neurociências promovidos este ano pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O prémio, no valor de 200 mil euros, foi atribuído a uma equipa multidisciplinar liderada pela investigadora Maria José Diógenes do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, da qual também fazem parte a FEUP, a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, o Instituto Superior Técnico, a Universidade de Coimbra e a Universidade da Beira Interior.

O objetivo do galardão é reconhecer e dinamizar a investigação científica ou clínica desenvolvida no âmbito das doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento, como a Doença de Parkinson e a Doença de Alzheimer, possibilitando o surgimento de novas estratégias no tratamento e restabelecimento das funções neurológicas.

O principal foco de investigação do projeto premiado é a procura de novas moléculas para o tratamento da doença de Alzheimer. “Anteriormente, num ensaio piloto em ratinhos transgénicos (modelo da doença de Alzheimer), a equipa descobriu que um novo composto, o TAT-TrkB, tem a capacidade de recuperar a atividade fisiológica do fator neurotrófico BDNF (neuroprotetor endógeno), que normalmente está diminuída nos pacientes com a doença.”, explica Maria do Carmo Pereira, também professora no Departamento de Engenharia Química da FEUP.

“Com a atribuição deste prémio irá ser possível continuar com os ensaios pré-clínicos, nomeadamente a avaliação da dosagem correta deste novo fármaco inovador, bem como avaliar de forma mais criteriosa a sua toxicidade, para que, caso tenha resultados favoráveis, se consiga avançar para ensaios clínicos. Nesta fase, adicionalmente será estudada a eficácia deste novo fármaco em organoides (estruturas formadas por células humanas que mimetizam os tecidos cerebrais)”, acrescenta.

As investigadoras do grupo Nano4Med do LEPABE venceram este mesmo prémio em 2017 com o projeto “Nova estratégia terapêutica e novo biomarcador para a doença de Alzheimer baseados na clivagem do receptor do BDNF”, num trabalho de continuidade focado em novas metodologias para o tratamento da doença de Alzheimer.

Sobre os Prémios Santa Casa Neurociências

Criados em 2013, os Prémios Santa Casa Neurociências constituem uma das maiores bolsas para projetos em Neurociências desenvolvidos em Portugal. Atualmente, representam um investimento anual de 400 mil euros destinados a promover o trabalho de investigação científica ou clínica nas áreas multidisciplinares das biociências, nomeadamente a neurologia, a neuropatologia, a bioquímica, a biologia molecular, a genética molecular, a química, a farmacologia, a imunologia, a fisiologia e a biologia celular.

Para além do Prémio Mantero Belard, existe também o Prémio Melo e Castro, destinado a projetos que potenciem a recuperação e tratamento de lesões vertebro-medulares. A última edição deste galardão – igualmente no valor de 200 mil euros –  foi conquistada pelo projeto SECRET4SCI, que conta com a colaboração do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS).