O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), em parceria com o Centro Hospitalar Universitário de Santo António e o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, vai promover, no próximo dia 11 de junho, uma sessão de homenagem à médica neurologista, professora e investigadora Paula Coutinho, assinalando desta forma o primeiro aniversário do falecimento daquela que foi uma referência no ensino e investigação em Neurologia na Universidade do Porto.

A decorrer ao longo da manhã, em três espaços distintos, o programa das sessão abrirá pelas 11h00, com a exibição do filme “Era Bonito Vê-la Pensar”, composto por testemunhos sobre a vida e obra da precursora da Neurogenética em Portugal.

Segue-se um conjunto de curtas conversas sobre o papel que Paula Coutinho desempenhou em diferentes áreas da Neurologia.

A sessão no i3S (ver programa) terá lugar no Auditório Corino de Andrade e será transmitida em direto no Youtube.

A entrada é livre, não sendo necessário registo.

Sobre Paula Coutinho

Natural de Macieira de Cambra, Paula Mourão do Amaral Coutinho (1941-2022) licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) com 18 valores. Foi estagiária, interna geral e complementar, especialista, assistente, chefe de clínica e de serviço no Hospital Geral de Santo António (HGSA), ao qual se manteve ligada de 1967 a 1998.

Foi, de resto, no HGSA, que iniciou, em agosto de 1966, a aplicação da imunofluorescência na polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), também conhecida como paramiloidose ou por “doença dos pezinhos”.

Consultora clínica no Centro de Estudos de Paramiloidose, Porto (1975-1992), regressou à U.Porto em 1979 para assumir as funções de professora convidada de Neurologia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), colaboração que manteve até 1998.

Também na U.Porto, integrou, desde a sua criação em 1992, a equipa de investigação da UnIGENe (Unidade de investigação Genética e Epidemiológica em Doenças Neurológicas), que viria a instalar-se no Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), hoje integrado no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S). Foi também elemento da equipa clínica do pioneiro Centro de Genética Preditiva e Preventiva (CGPP) do IBMC.

Enquanto investigadora, Paula Coutinho especializou-se no estudo da paramiloidose e da doença de Machado-Joseph, que ajudou a definir como entidade clínica.

Inspirada em figuras de referência como Corino de Andrade e João Resende, foi a mentora e responsável do rastreio nacional sistemático, de base populacional, das ataxias hereditárias e paraparesias espásticas, efetuado em Portugal durante mais de 12 anos, o qual conduziu à descrição de novas entidades clínicas e genéticas e que ainda hoje continua a ser fonte de valiosa informação para a investigação desses grupos de doenças.

Autora ou coautora de dezenas de artigos científicos em publicações de alto fator de impacto, com milhares de citações na literatura, ganhou a primeira edição do Prémio Bial (1993), com a sua tese de doutoramento, intitulada “Doença de Machado-Joseph: tentativa de definição”,

Em 2016, Paula Coutinho foi alvo de uma homenagem pelo CGPP, ocasião em que foi plantada uma magnólia, no jardim entre os dois edifícios do i3S, simbolizando a ligação da clínica à investigação. “A magnólia continua viçosa”, assinala o i3S.

Paula Coutinho faleceu no dia 11 de junho de 2022, no Porto, aos 80 anos de idade.