A segunda edição do Prémio Maria de Sousa distinguiu um projeto de investigação na área do cancro da mama triplo-negativo liderado por Sandra Tavares, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S). O prémio, no valor de 30 mil euros, inclui também a realização de um estágio na Universidade de Utrecht, na Holanda.

Denominado «Identificação dos componentes de reciclagem proteica que controlam a formação de metástases cancerígenas», o projeto liderado por Sandra Tavares “foi concebido para ajudar no combate ao Cancro da Mama Triplo-Negativo, pois é um dos tipos de cancro da mama com maior agressividade. Como não existem opções para intervenção terapêutica dirigida, a grande maioria de pacientes sucumbe à doença metastática”.

Por estas razões, sublinha a investigadora, “é urgente compreender os mecanismos que levam à agressividade deste tipo de cancro para resolver este problema de saúde”.

Neste projeto, a investigadora pretende “identificar as proteínas que estimulam a reciclagem proteica das células de cancro da mama triplo-negativo e que potenciam a invasão de outros órgãos e o desenvolvimento de metástases”.

Para isso, Sandra Tavares vai usar “uma combinação de técnicas que permitem avaliar como se expressam os genes e proteínas nas células malignas destes tumores humanos, recorrendo a porções de tumores em laboratório, os chamados organoides. Por se comportarem como os tumores originais, os organoides abrem caminho à identificação de um grupo de proteínas responsáveis pelo comportamento agressivo deste tipo de cancro – e à definição de estratégias de tratamento que permitam controlá-las”.

Atualmente, para além da própria doença, os pacientes têm de lidar também com o elevado peso da terapia disponível, que é ainda altamente tóxica e debilitante. Com este trabalho, Sandra Tavares pretende contribuir com “conhecimento que servirá de alicerce para uma estratégia de personalização da medicina, promovendo uma melhor seleção de tratamentos para maior benefício dos pacientes, ou seja, terapias menos tóxicas e debilitantes”.

Mais quatro investigadoras premiadas

Promovido pela Fundação BIAL e pela Ordem dos Médicos, o Prémio Maria de Sousa presta homenagem à histórica imunologista, professora e investigadora da Universidade do Porto que faleceu em 2020, vítima da Covid-19. O prémio destina-se a investigadores portugueses, com idade igual ou inferior a 35 anos, com projetos de investigação na área das ciências da saúde.

Para além de Sandra Tavares, o Júri da edição deste ano – liderado pelo neurocientista Rui Costa, presidente e diretor executivo do Allen Institute, nos EUA – distinguiu ainda as investigadoras Ana Melo (Associação do Instituto Superior Técnico para a Investigação e Desenvolvimento), Ana Rita Queiroz da Cruz (Fundação Champalimaud), Carina Soares-Cunha (Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde da Universidade do Minho) e Daniela Rodrigues (Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra).

O Prémio Maria de Sousa 2ª edição – 2022 foi entregue esta segunda-feira, 14 de novembro, no Teatro Thalia, em Lisboa, numa cerimónia presidida pela Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Para além de um prémio monetário de 30 mil euros, cada uma das cinco vencedoras terá a oportunidade de realiza um estágio num centro internacional de excelência na respetiva área de investigação.

Recorde-se que a primeira edição (2021) do Prémio Maria de Sousa também distinguiu cinco jovens cientistas, incluindo Andreia Pereira, Daniela Freitas e Mariana Osswald, todas elas investigadoras em ciências da saúde do i3S.

Vencedoras da 2.ª edição do Prémio Maria . (Foto: i3S)

Sobre Sandra Tavares

Licenciada em Bioquímica pela U.Porto (2008), Sem Biomedicina Molecular na Universidade de Aveiro (2011) e o doutoramento no 

Junior Researcher.

Já este ano, foi uma das vencedoras das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, com um projeto que visa desenvolver terapias mais eficazes e menos tóxicas para o cancro da mama triplo-negativo. Mais recentemente, foi uma das duas investigadoras do i3S contempladas ao abrigo do Programa Gilead Génese Portugal.