A equipa iPlus, composta por Ana Jesus, Alexandra Moreira, Isabel Pereira-Castro e Hugo Prazeres. (Foto: i3S)

O projeto «iPLUS», liderado pela investigadora Alexandra Moreira, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) Universidade do Porto, foi um dos oito projetos portugueses distinguidos em três programas ibéricos de saúde e biomedicina financiados pela Fundação «la Caixa», num total de 3,2 milhões de euros destinados a apoiar  a investigação científica em saúde em Portugal.

Alexandra Moreira e Jimmy Vieira Martins, da Universidade de Coimbra, venceram o programa CaixaImpulse, e vão receber entre 70 e 100 mil euros cada um. Este programa visa promover a transformação do conhecimento científico criado em centros de investigação, universidades e hospitais em empresas e produtos que geram valor para a sociedade.

Segundo a investigadora premiada, “o «iPLUS» nasceu num grupo do i3S que faz investigação fundamental – Gene Regulation”, juntou-se com a Unidade de Transferência de Tecnologia e “representa a evolução de uma descoberta científica para a sua translação aplicada ao tratamento de doenças”. “Este projeto só foi possível no ambiente interdisciplinar do i3S”, sublinha Alexandra Moreira.

“Propomo-nos uma abordagem inovadora, centrando-nos numa sequência de DNA não codificante com que temos trabalhado nos últimos anos para perceber o seu funcionamento na regulação da expressão genética”.  Para tal explica Alexandra Moreira, “o iPLUS pode ser sintetizado in vitro e usado em processos industriais, onde aumenta drasticamente a produção e a função de proteínas recombinantes. O objetivo do projeto é fornecer prova de que a incorporação do iPLUS na produção de proteínas com interesse biofarmacêutico causa um aumento na eficiência e uma redução considerável nos custos de produção”.

Para a investigadora, é “uma honra” ter ganho o projeto do Programa CaixaImpulse, pois “representa o reconhecimento de que o trabalho de investigação fundamental que temos vindo a desenvolver pode ter uma aplicação translacional, e dá-nos a oportunidade de o fazer.  O CaixaImpulse vai permitir-nos aplicar este conhecimento resultante de investigação fundamental ao desenvolvimento de uma ferramenta que vai permitir, num contexto industrial e biotecnológico, o aumento da produção de proteínas de importância biofarmacêutica e biomédica, permitindo que mais doentes sejam tratados com menos custos”. Esta ferramenta, adianta, pode ser “usada no tratamento de doenças como diabetes, doenças metabólicas, cancro, hemofilia ou em terapias emergentes de engenharia de células-tronco e tecidos”.

No âmbito do programa «Health Research», que se realiza em colaboração com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito da Iniciativa Ibérica de Investigação e Inovação Biomédica, i4b, foram selecionados três projetos do Instituto de Medicina Molecular – dos investigadores Marc Veldhoen, Bruno Silva Santos e Leonor Saúde -, e um projeto da Fundação Calouste Gulbenkian – Instituto Gulbenkian de Ciência, liderado pelo investigador Miguel Che Parreira Soares. O «Health Research» é um programa para projetos de investigação em biomedicina e saúde que tem o objetivo de identificar e impulsionar as iniciativas mais promissoras, de maior excelência científica e valor potencial e impacto social, tanto de investigação básica, como clínica ou translacional.

Ainda no âmbito desta iniciativa ibérica, celebrada entra a Fundação ”la Caixa” e a FCT, foi também possível duplicar o financiamento a quatro projetos portugueses através de matching funds. Além disso, há dois projetos coordenados por centros de investigação em Espanha e que contam com investigadores portugueses na equipa que também vão receber apoio: «Defining The Role of Exosome-Secreted Micropeptides in Pancreatic Cancer», liderado por Maria Abad e com Bruno Costa-Silva, da Fundação Champalimaud, e “Sensitizing pancreatic cancer to immunotherapy with multimodal precision nanomedicines”, liderado por Maria Jesús Vicent Docón e que conta com a investigadora Helena Ferreira, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, na equipa.

Na cerimónia de entrega dos prémios, realizada esta segunda-feira, estiveram também presentes os dois investigadores portugueses vencedores do programa de pós-doutoramento Junior Leader, já anunciados em junho, para receber oficialmente o valor das bolsas que lhes foram atribuídas: Ana Mendanha Falcão, do ICVS – Life and Health Sciences Research Institute, e Pedro Sousa-Victor, do Instituto de Medicina Molecular. Este programa de pós-doutoramento Junior Leader destina-se à contratação de investigadores de excelência, de qualquer nacionalidade, que desejem iniciar ou continuar a sua carreira de investigação em território espanhol ou português, com o objetivo de fomentar a investigação inovadora e de alta qualidade e de apoiar os melhores talentos científicos.

A Fundação ”la Caixa”, com sede em Espanha e uma das mais relevantes a nível internacional, iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no Grupo CaixaBank.  O impulso à investigação científica em saúde converteu-se num dos principais eixos da Fundação ”la Caixa”, com o objetivo de conseguir combater as doenças mais graves e com maior impacto no mundo, como as cardiovasculares, as oncológicas, as neurológicas e as infecciosas.