Nicole Pedro, investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e estudante de doutoramento em Ciências Biomédicas do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), conquistou o Prémio “Jovem Cientista” do prestigiado Journal of Human Genetics, pelo artigo «Papuan mitochondrial genomes and the settlement of Sahul“, publicado nesta revista científica em 2020.  Na sequência deste prémio, Nicole Pedro foi convidada a apresentar a Award lecture da 67.ª Reunião Anual da Sociedade de Genética Humana do Japão, que decorreu na cidade japonesa de Yokohama, de 15 a 17 de dezembro.

Orientada pela investigadora Luísa Pereira, líder do grupo “Genetic Diversity” do i3S, e coorientada por François-Xavier Ricaut, da Universidade de Toulouse III – Paul Sabatier, e por Joana Barbosa Pereira, também do i3S, Nicole Pedro tem centrado o seu trabalho numa das populações mais antigas fora de África, localizada na Papua Nova Guiné.

“Esta população é caracterizada por uma das maiores diversidades linguísticas e genéticas do planeta, mas pouco se sabe sobre a fase inicial de colonização (há pelo menos 55 mil anos) ou sobre a subsequente dispersão e estruturação populacional”, explica a investigadora.

Ao analisar os genomas mitocondriais completos da Papua Nova Guiné e de outras populações da Oceânia, a equipa conseguiu reconstruir a história filogenética e filogeográfica do norte do Sahul (atual Nova Guiné e Austrália).

“Os nossos resultados apoiam a hipótese de que o Norte e o Sul do Sahul foram colonizados separadamente, ainda que dentro da mesma janela temporal, por dois grupos diferentes de homens modernos, que ficaram separados e isolados durante cerca de 20 mil anos e foram divergindo geneticamente”, explica Nicole Pedro.

Este prémio, adianta a investigadora, “aumenta a minha motivação para continuar a investigar quais as adaptações que ocorreram nos genomas dos colonizadores da Papua Nova Guiné a um ambiente único a nível global”.

Além disso, continua, “é extremamente gratificante ter recebido esta distinção, não só porque representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido no âmbito do meu doutoramento, mas também porque me dá a oportunidade de o apresentar oralmente num congresso internacional no Japão”.