O Prémio RWE 2020/2021 – Impacto Social e/ou Económico da Esquizofrenia em Portugal, foi atribuído, nesta quinta-feira, pela Janssen, a Manuel Gonçalves Pinho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

O galardão, o mais relevante na área da utilização de dados secundários na investigação em Neurociências, vem reconhecer o trabalho intitulado “Schizophrenia related hospitalizations in Portugal – The use of real-world evidence in mental health research”, da autoria de Manuel Gonçalves Pinho.

Publicado em 2020 na revista científica internacional Psychiatric Quarterly, este foi o primeiro estudo a caracterizar todas as hospitalizações em hospitais públicos de doentes com diagnóstico primário de esquizofrenia, a nível nacional, utilizando uma abordagem assente em “Big Data”.

A investigação concluiu que a esquizofrenia motivou mais de 25 mil hospitalizações entre 2008 e 2015, embora com tendência para uma diminuição. Os homens representavam dois terços dos episódios de internamento hospitalar.

Manuel Gonçalves Pinho voltou a alertar, na apresentação que antecedeu a cerimónia de entrega do Prémio RWE 2020/2021, que a diminuição das hospitalizações por esquizofrenia pode ter como explicação o aumento dos cuidados em ambulatório (sem internamento), o efeito dos novos fármacos, mas também a “pressão administrativa no sentido de reduzir os custos”.

No período estudado, os custos totais das hospitalizações ascenderam aos 89,1 milhões de euros, sendo que cada hospitalização custou cerca de 3.500 euros, em média.

De acordo com a Janssen, este Prémio visa “premiar os melhores trabalhos relativos ao impacto da esquizofrenia em Portugal, com o objetivo de promover a partilha e discussão de conhecimento em prol dos doentes”.

O tema é considerado “de uma importância fulcral”, tanto no que respeita à “identificação e caracterização do impacto da doença no país” como à “definição de planos de intervenção”. Apesar disso, a investigação nacional na área ainda é escassa.

O trabalho agora premiado, de que Manuel Gonçalves-Pinho é primeiro autor, contou ainda com a colaboração de Alberto Freitas (FMUP/CINTESIS) e de João Pedro Ribeiro (Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa – CHTS).