Francisco Sousa Fernandes, estudante do Programa Doutoral em Sistemas Sustentáveis de Energia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e  investigador do INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência , é o vencedor da edição 2021 do Prémio APREN – na categoria de melhor Tese de Mestrado -, atribuído pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).

Intitulada “Assessment of frequency stability behaviour regarding inertia reduction due to high renewable integration in the Iberian system”, a investigação premiada aborda a temática da estabilidade da frequência do sistema elétrico da península ibérica com a integração de eletricidade de origem renovável. O trabalho foi realizado no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da FEUP, sob a orientação de João Peças Lopes, professor da FEUP e investigador do INESC TEC, tendo contado com a coorientação de Carlos Moreira e Bernardo Silva, ambos docentes da FEUP.

A pesquisa centrou-se no estudo dos fenómenos de estabilidade da frequência do sistema ibérico, em particular as consequências que advêm da progressiva introdução de tecnologias de geração de eletricidade que utilizam fontes renováveis. “Com a crescente introdução de eletricidade de origem eólica e solar fotovoltaica na rede, a inércia síncrona do sistema tende a diminuir, uma vez que estas tecnologias, quando ligadas à rede via conversor eletrónico, não contribuem para a inércia do sistema”, esclarece Francisco Sousa Fernandes.

“Quanto mais inércia, menos varia a frequência no caso de um evento inesperado na rede. Se o sistema tiver pouca inércia síncrona, mais rapidamente variará a frequência, o que poderá levar a um conjunto de eventos não desejados, tais como a saída de serviço de outras unidades de geração, deslastre de carga e nos piores casos, black-outs”, acrescenta o jovem investigador.

Face ao crescimento da produção renovável, é importante “avaliar estes impactos ao nível da rede ibérica interligada com a rede europeia”, continua Francisco Sousa Fernandes. Acerca das principais conclusões do estudo ,refere que “em cenários de alta-penetração renovável, particularmente daquela que é ligada à rede via conversor eletrónico (eólica e solar fotovoltaica), a estabilidade de frequência do sistema ibérico poderá estar comprometida”. Concluiu-se também que é possível mitigar alguns dos efeitos da maior integração de energia de origem renovável com novos serviços de sistema, como reposta rápida de frequência, inércia sintética ou até mercados de inércia síncrona.

Segundo João Peças Lopes, orientador da tese, “o modelo desenvolvido foi já estendido e está a ser utilizado em contratos com a indústria e será utilizado também em futuros projetos de investigação”, dando continuidade à investigação desenvolvida.

A entrega do Prémio APREN 2021decorreu durante a conferência “Portugal Renewable Energy Summit 2021”, que decorreu nos dias 9 e 10 de novembro, na Culturgest, em Lisboa.

Sobre o Prémio REN

Criado em 1995, o Prémio REN é um dos mais antigos prémios científicos em Portugal. Atribuído por um júri composto por profissionais de renome, o galardão elege as melhores teses de mestrado (anualmente) e doutoramento (bianualmente) na área da energia desenvolvidas em universidades portuguesas.

e onde a Faculdade de Engenharia se tem destacado ao longo dos anos.