““Ter financiamento garantido para os próximos cinco anos é fantástico pois poderei focar-me em atingir resultados”, diz Reto Gassmann.

Chegou há pouco mais de um ano ao Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC)  da Universidade do Porto  e, desde então, não tem parado de somar distinções. Depois de, em dezembro passado, ter conquistado uma Instalation Grant da EMBO,  Reto Gassmann acaba de ser contemplado com uma “Starting Grant” – no valor de quase 1,5 milhões de euros – atribuída pelo European Research Council (ERC).

Com este apoio atribuído por uma das mais prestigiadas instituições europeias de financiamento de ciência, o investigador suíço reúne todas as condições para cumprir o objetivo que o acompanhou quando se mudou para o Porto: constituir e consolidar uma equipa de investigação com independência financeira. E se os 150 mil euros atribuídos pela EMBO serviram para “criar o meu próprio laboratório desde início e recrutar investigadores para a minha equipa”, o apoio do ERC permitirá ao grupo “adquirir equipamento especializado que irá acelerar em muito a investigação, permitindo atingir resultados muito mais rapidamente”.

Ainda nas palavras de Reto Gassmann, “ter financiamento garantido para os próximos cinco anos é fantástico pois poderei focar-me completamente na ciência e em atingir resultados”, referindo-se ao esforço contínuo e burocrático na obtenção financiamento essencial para manter as equipas.

Centrado nas áreas de biologia molecular e bioquímica, o trabalho da equipa de Reto Gassmann debruça-se sobre a função dos cinetocoros, estruturas cromossómicas que se ligam e interagem com o fuso mitótico durante a divisão celular. Esta interação é fundamental para que ocorra a separação cromossómica durante a divisão das células, já que aqui se dá um conjunto de acções que contribuem para a movimentação dos cromossomas para os polos. Em particular, o grupo de Gassmann tenta perceber a forma como a dineína citoplasmática é regulada temporal e espacialmente para que cumpra a função de motor bioquímico para o movimento dos cromossomas, assim como para muitas outras actividades celulares.

Das 3300 candidaturas que o ERC recebeu este ano para Starting Grant, apenas 10% tiveram sucesso no financiamento. O objetivo desta iniciativa é apoiar os mais promissores cientistas europeus que, dentro das novas gerações, ambicionem fundar e liderar novas equipas de investigação em áreas de reconhecido valor científico.

Portugal tem tido um sucesso relativo na atracão de bolsas ERC que, com o apoio da UE, financiam a investigação de ponta no espaço europeu. Este ano vieram cinco para Portugal em áreas bastante distintas. O Instituto de Biologia Molecular e Celular já conseguiu duas nos últimos anos.