Helder Maiato

Helder Maiato, investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S).

Helder Maiato, investigador do novo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S) da Universidade do Porto, foi um dos três cientistas portugueses premiados com uma Consolidator Grant do Conselho Europeu de Investigação (European Research Council), num valor total de 5.9 Milhões de Euros.

O investigador principal do grupo de Dinâmica e Instabilidade de Cromossomas do i3S e a sua equipa propuseram ao European Research Council provar experimentalmente dois modelos inovadores que pensam controlar a mitose, o processo de divisão celular. Compreender como o processo da mitose ocorre e como é controlado são temas essenciais de investigação, nomeadamente no que diz respeito ao estudo do cancro, uma vez que o desvio à distribuição dos cromossomas durante a divisão celular é um fenómeno extremamente comum nas células cancerígenas.

O primeiro modelo proposto por Helder Maiato é um processo novo de controlo da divisão que é capaz de atrasar a fase final do processo até que todos os cromossomas estejam suficientemente separados dentro da célula. Ao contrário dos “pontos de controlo” até agora conhecidos, este baseia-se numa percepção espacial de cada cromossoma que é garantida por um gradiente da proteína Aurora B, uma molécula essencial à divisão.

O segundo é uma proposta para decifrar o código da tubulina durante a divisão celular. A tubulina é a substância que compõe os microtúbulos, as “estradas” por onde tudo circula dentro das células. Os cromossomas que são deslocados durante a divisão celular seguem por essas estradas e, sabe-se, respondem a determinados “sinais de código”. Um dos grandes desafios que hoje se coloca na biologia celular é decifrar esse código “escondido” nos microtúbulos e como é que ele interfere na navegação dos componentes celulares. Partindo da divisão das células e do transporte dos cromossomas, esta equipa propõe-se a descodificar os sinais de navegação e contribuir para a compreensão desta espécie de “GPS” celular.

“Erros neste sistema de navegação, podem originar uma incorreta distribuição dos cromossomas, e sabemos também que este código esta alterado em alguns cancros”, explica Hélder Maiato, acrescentando, “neste projeto, vamos usar uma combinação de técnicas avançadas de proteómica e microscopia avançada de super-resolução para mapear este GPS e avaliar as implicações que as falhas no sistema têm no movimento dos cromossomas”.

Agora, com o financiamento de 2.3 Milhões de Euros garantido pelo European Research Council, estão garantidos os recursos necessários que permitirão avançar com o trabalho sem as restrições que projetos de menor dimensão impõem. Um financiamento que Helder Maiato considera muito gratificante pois “permite fazer ciência fundamental, e explorar conceitos e abordagens novas, ou seja, permite ir à procura da descoberta pela descoberta, sem exigir qualquer pretensão de aplicação à saúde humana, mas sempre com esse objetivo em perspetiva”.

Para além de Helder Maiato, foram também distinguidas com uma Consolidator Grant do Conselho Europeu de Investigação Mónica Bettencourt Dias, investigadora principal do Instituto Gulbenkian de Ciência, e Marina Costa Lobo, investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais.