O Panthera onca pode atingir os 1.85 metros de cumprimento. (Foto: DR)

A sequência completa do genoma do jaguar (onça-pintada), o maior felino das Américas, foi recentemente descodificada por um consórcio internacional de cientistas de sete países (Brasil, EUA, Rússia, Irlanda, Portugal, Espanha e Argentina), no qual se inclui o geneticista Agostinho Antunes do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da U.Porto (CIIMAR) e professor na Faculdade de Ciências da U.do Porto (FCUP).

Há 4600 milhões de anos, os cinco grandes felinos tinham um ancestral comum, que era parecido com o atual leopardo. Este deu origem às espécies atuais e também outras já extintas, que a partir da Ásia se espalharam por quase todo o planeta, incluindo a Europa, África e América.

O estudo publicado na revista Science Advances revelou assim que nos últimos 300 mil anos estas espécies sofreram uma diminuição populacional, o que levou à perda de diversidade genética ao longo do tempo. Para se adaptarem ao ambiente e sobreviverem, espécies distintas ou diferentes populações cruzaram-se (designado por hibridação histórica) ao longo da sua evolução.

“Um dos cruzamentos detetados decorreu entre o jaguar e o leão, o que poderá ter facilitado a adaptação ao meio ambiente de uma ou de ambas as espécies. No caso do jaguar, verificou-se que pelo menos dois genes (ambos envolvidos no desenvolvimento do nervo óptico) apresentam evidências de um cruzamento antigo com um leão”, revela Agostinho Antunes.

Vários outros genes resultantes de uma seleção natural foram também identificados nos grandes felinos, afetando características como a visão, olfato, reprodução, metabolismo e desenvolvimento, facilitando a sua adaptação ao meio ambiente. “Dois desses genes, envolvidos no desenvolvimento do crânio, podem ter determinar a formação de uma cabeça robusta e da mordida poderosa no jaguar, capaz de penetrar a armadura de répteis, como jacarés e tartarugas grandes”, refere o investigador.

O jaguar Panthera onca com pelagem acastanhada e várias pintas pretas, distribui-se desde a América do Sul ao México e foi identificado como uma espécie “quase ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza.