São trabalhos assinados por algumas dezenas utentes do Serviço de Reabilitação Psicossocial do Hospital de Magalhães Lemos (HML) do Centro Hospitalar Universitário de Santo António (CHUdSA) e, de 2 a 11 de outubro, vão “ocupar” o Foyer do ICBAS/FFUP, numa iniciativa que tem como objetivo combater o estigma da doença mental e promover a valorização dos trabalhos desenvolvidos pelos utentes.
Insubmissos é o título desta mostra de arte bruta inserida na estratégia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS-UP) de promoção do bem-estar e da saúde mental da comunidade.
“Esta proposta insere-se num caminho que temos vindo a desenvolver, que tem como objetivo principal a promoção da saúde mental, também, através da arte. Poder mostrar estes trabalhos, dá-los a conhecer à comunidade académica, mas também ao público que nos quiser visitar, significa que contribuímos um pouco mais para desmistificar a doença mental”, reforça o diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho.
Também para o responsável pelo Serviço de Reabilitação Psicossocial do HML, José João Silva, esta é uma oportunidade que contribui para promover a melhoria da autoestima dos utentes através da divulgação dos seus trabalhos.

(Foto: DR)
“Este serviço desenvolve um trabalho que possibilita que o utente seja mais autónomo e se sinta mais gratificado no desempenho dos seus papéis sociais. Os ateliers terapêuticos, como o de pintura ou cerâmica, cujos trabalhos vemos aqui expostos, têm como finalidade promover e facilitar a autonomia, estimular a criatividade, criar ou manter hábitos e rotinas de trabalho, melhorar a autoestima e criar e desenvolver aptidões pessoais, sociais e profissionais”, sublinha o responsável.
O papel da sociedade civil no lançamento da exposição
O desafio chegou por intermédio de um grupo de pessoas da sociedade civil que, em 2022, inauguraram a mesma exposição, com curadoria do escritor Richard Zimler, na Galeria Geraldes da Silva.
Para Sérgio Rodrigues, promotor da iniciativa, este é um trabalho que pretende contribuir para a consciencialização da comunidade para a importância de eliminar o estigma que existe em torno da doença mental.
Sérgio Rodrigues reforça a importância de “mostrar à sociedade que as capacidades dos utentes não se encerram num diagnóstico. Sensibilizar quem tem o poder para a criação de oportunidades para estes artistas serem divulgados fora do contexto hospitalar. Esse é o primeiro passo para uma real integração social”. Refere, ainda, que o papel da sociedade civil deve ser, “cada vez mais, interventivo, pois é através desse exercício da cidadania que obteremos uma sociedade mais justa e inclusiva”.
A inauguração de Insubmissos está marcada para as 18h00 do dia 2 de outubro e contará com a participação do grupo coral do HML, orientado pelo maestro António Miguel Teixeira.
Com entrada livre, a exposição pode ser visitada até 11 de outubro, de segunda a sexta-feira, entre as 9h00 e as 20h00, ao sábado entre as 10h00 e as 13h00.