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Miguel Coimbra e Daniel Pereira, os investigadores da Universidade do Porto que vão testar o DigiScope em 13 dias de rastreios itinerantes pelo estado brasileiro do Paraíba.

Mais de mil crianças e grávidas do estado de Paraíba, no nordeste brasileiro, vão ser rastreadas a problemas cardíacos com a ajuda de um estetoscópio digital desenvolvido por investigadores da Universidade do Porto, num processo que se iniciou a 21 de julho e se vai prolongar até ao próximo dia a 2 de agosto.

Os investigadores Miguel Coimbra, da Faculdade de Ciências FCUP), e Daniel Pereira, da Faculdade de Medicina, (FMUP) vão integrar a “Caravana do Coração”, um rastreio itinerante que vai avaliar clinicamente mais de mil crianças e grávidas durante 13 dias, em 13 localidades, da área do sertão à zona de mata do estado de Paraíba. Os investigadores portugueses vão disponibilizar e acompanhar a utilização do seu protótipo de estetoscópio digital, o DigiScope (DIGItally enhanced stethosCOPE for clinical usage), capaz de detetar mais fácil e eficazmente patologias cardíacas específicas, aumentando assim as hipóteses de um diagnóstico mais eficaz destas doenças em rastreios de primeiro nível como este.

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DigiScope, o estetoscópio digital desenvolvido nos laboratórios da Universidade do Porto.

Desenvolvido nos laboratórios da Universidade do Porto por uma equipa multidisciplinar das áreas das Ciências de Computadores e das Ciências da Saúde, o DigiScope é um estetoscópio digital que, sincronizado com um computador, analisa em tempo real analisa os sons captados pela auscultação, apontando anomalias do batimento cardíaco que podem ser associadas a patologias cardíacas específicas. Pode, assim, ser facilmente utilizável por qualquer médico de clínica geral para identificar patologias cardíacas habitualmente difíceis de diagnosticar.

O protótipo que está a ser utilizado nesta “Caravana do Coração” ainda está apenas certificado para recolher, gravar e transmitir sons do coração obtidos da auscultação, permitindo o registo dos dados recolhidos sem interferir com a habitual rotina clínica dos rastreios. Isto significa que, pela primeira vez, os dados obtidos pela auscultação ficarão registados no histórico clínico de cada paciente, uma vez que a auscultação é o único ato clínico que não é habitualmente anotado.

A “Caravana do Coração” vai rastrear crianças com menos de 12 anos que apresentem um quadro de doença cardíaca, sopro no coração, cianose, história de febre reumática ou desmaios. As grávidas também serão avaliadas, desde que estejam entre as 22 e as 28 semanas de gestação, tenham imagem sugestiva de doença cardíaca no ultrassom, filho anterior com doença cardíaca, diabetes ou hipertensão.

O projeto, que integra mais de 40 profissionais, é promovido pela fundação “Círculo do Coração”, uma entidade civil sem fins lucrativos, iniciada em 1994 por membros do Real Hospital Português, com o objetivo de diagnosticar e viabilizar o tratamento de crianças necessitadas, portadoras de doença cardíaca.