José Correia, estudante de doutoramento em Física da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), conquistou o prémio de melhor póster numa iniciativa europeia de computação avançada do programa PRACE (Parceria para a Computação Avançada na Europa), que decorreu entre os dias 22 e 26 de março, no âmbito da EuroHPC Summit Week (EHPCSW) 2021.

Perante uma plateia especializada que reuniu os principais agentes ​​europeus em HPC (sigla em inglês para computação de alta performance), o estudante e investigador da U.Porto apresentou o póster “Coding the Cosmos: A New Generation of Superstring Simulations”. Nele, mostrou a aplicação do trabalho que vem desenvolvendo no domínio das cordas cósmicas, que se acredita terem sido formadas durante as transições de fase no início do universo, entre a expansão e o arrefecimento.

Estas cordas serão uma espécie de “rachaduras” criadas na formação do universo, fios infinitesimais (Composto de partes infinitamente pequenas) de energia pura, mais finas do que um átomo. 

“Estou feliz por ter contribuído para melhorar as simulações de cordas e, assim, poder contribuir para melhorar a caracterização destes objetos, e também fiquei honrado e orgulhoso pelo reconhecimento de meus esforços”, refere José Correia, que integra o grupo do investigador Carlos Martins, do IA. 

Em busca das cordas cósmicas

Apesar de as cordas cósmicas ainda não terem sido experimentalmente detetadas, existe no entanto a necessidade de melhorar a nossa compreensão das suas propriedades, algo apenas possível com uma combinação de modelos e simulações de alta resolução.

“Estamos interessados em estudar estruturas subtis ao longo das cordas cósmicas. Criei um código que permitiu estudar estas cordas com uma maior resolução do que era possível até agora”, explica o jovem investigador. 

Para tal, José Correia pediu acesso, através do programa PRACE, ao Piz Daint, um supercomputador na Suíça que está entre os mais rápidos do mundo. O seu objetivo foi obter uma descrição mais realista destas cordas. O trabalho que apresentou e foi premiado resultou de dois anos de recolha e análise de dados neste supercomputador. 

“Sem o HPC, essas simulações em alta resolução não teriam sido possíveis”, frisa José Correia. “A interação entre teoria, observações e HPC certamente se tornará ainda mais essencial para o futuro da ciência.”

Para Matej Praprotnik, ex-presidente do Comitê de Direção Científica e membro do Comité de Seleção de Posters da PRACE, uma das missões essenciais daquele programa passa por promover “investigação básica inovadora usando HPC, que expanda o nosso entendimento fundamental de como o universo funciona”. E “o trabalho científico apresentado no póster vencedor vai exatamente nessa linha”, afirma

A investigação de José Correia vai agora prosseguir para se perceber qual é a quantidade de supercordas (cordas cósmicas interligadas) que se conseguem obter nas simulações. 

O doutoramento em física resulta de uma colaboração entre a FCUP e as universidades do Minho e Aveiro.