Acelerar iniciativas de I&D para o desenvolvimento de vacinas é o objetivo principal do Inno4vac, uma parceria público-privada inovadora que tem como parceiro o INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência e que conta com um financiamento de 33 milhões de euros, garantido através da Iniciativa de Medicamentos Inovadores (IMI2).

Esta iniciativa pioneira na Europa irá focar-se na criação e na aplicação de modelos preditivos inovadores e altamente avançados, de forma a acelerar o desenvolvimento e a produção de novas vacinas. Portugal está representado neste projeto pelo INESC TEC – através do Centro de Sistemas de Informação e de Computação Gráfica (CSIG) – e pela NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA.

A vacinação é uma das principais intervenções em termos de saúde pública, com um grande impacto ao longo da história; estima-se que, anualmente, contribua para salvar a vida de 2,5 milhões de pessoas, ao mesmo tempo que previne doenças e incapacidades. No entanto, os processos de investigação e de desenvolvimento de vacinas são demorados, com elevados custos associados: em média, introduzir uma nova vacina no mercado demora 10 anos, com um custo associado de 800 milhões de euros.

Os avanços em termos de tecnologia e ciência de dados são por isso fundamentais para explorar novas soluções no desenvolvimento de vacinas, conforme demonstrado pelo rápido desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19.

Vacinas mais rápidas e baratas

O Inno4vac é um novo projeto multidisciplinar que visa promover a inovação em saúde, através do progresso científico e tecnológico, desde o setor académico, passando pela biotecnologia, e até à indústria. Assim, o grande objetivo passa pelo desenvolvimento de modelos biológicos e matemáticos preditivos, para avaliar o desempenho da vacina e, assim, acelerar o desenvolvimento de novas vacinas.

“É a primeira vez que Portugal participa num projeto desta iniciativa. Vamos ter a oportunidade de trabalhar com investigadores e académicos da área da biotecnologia e com a indústria, nomeadamente grandes farmacêuticas produtoras de vacinas como a GSK, Sanofi Pasteur ou CureVac, na aplicação de novas tecnologias que podem desenvolver novas vacinas mais rapidamente e introduzi-las no mercado com um custo muito menor”, afirma Artur Rocha, investigador do INESC TEC.

O Inno4vac irá abordar quatro grandes áreas, de forma integrada: inteligência artificial, utilizada em termos de resposta da vacina in silico e previsão da sua eficácia; desenvolvimento de uma plataforma computacional modular, para a modelagem in silico de biofabricação de vacinas e testes de estabilidade;  introdução de novos e inovadores modelos de infeção humana controlada (gripe, vírus sincicial respiratório e Clostridium difficile), permitindo a avaliação da eficácia da vacina; e desenvolvimento de novos modelos 3D humanos in vitro, baseados em células, para previsão da proteção imunológica em segurança.

“O papel das instituições portuguesas será o de apresentar modelos matemáticos para testes e avaliação de vacinas, responsabilidade que está do lado da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA. Já o INESC TEC irá implementar uma plataforma in silico, ou seja, uma plataforma de simulação para criar e testar vacinas. Vamos transpor o conhecimento da imunogenética, desde a identificação dos antígenos e das proteínas que estes podem conter que podem inibir a atuação do vírus/infeção, para uma plataforma”, refere Gabriela Gomes, investigadora da FCT NOVA.

Mais de 40 parceiros de 11 países

Esta parceria é coordenada pela European Vaccine Initiative (Alemanha) e conta com o apoio da Sclavo Vaccines Association (Itália) para a coordenação científica. Engloba 41 parceiros de 11 países europeus, incluindo 37 instituições académicas e PME, bem como a GSK, Sanofi Pasteur, CureVac e Takeda como parceiros da indústria.

O projeto Inno4vac é financiado pela IMI2 Joint Undertaking, através do acordo n.º 115890. Esta iniciativa é apoiada pelo programa-quadro de investigação e inovação da UE, Horizonte 2020, e pela EFPIA. 

O projeto arranca nos dias 28 e 29 de setembro de 2021 e tem duração prevista até fevereiro de 2027.