Desenvolver robôs autónomos para pulverizar vinhas de montanha, sem desperdício de químicos, e com grandes vantagens ambientais e económicas. É este o objetivo do projeto europeu SCORPION - Cost effective robots for smart precision spraying, liderado pelo INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência.

“As soluções atuais para pulverizar vinhas baseiam-se, essencialmente, em pulverizadores acoplados a tratores, controlados maioritariamente pelo tratorista. Esta abordagem tem algumas limitações, nomeadamente ao nível da precisão. Neste projeto juntamos esforços para desenvolver um robô autónomo, que circula sozinho mesmo em vinhas com acentuados declives, e calcula a quantidade de fitofármacos a aplicar, através de sensores que medem a densidade da plantação. Esta solução utiliza, também, radiação UV para reduzir o uso de químicos nos tratamentos”, afirma Filipe Neves dos Santos, investigador do INESC TEC e coordenador do projeto.

Os pulverizadores existentes vão ser equipados com atuadores elétricos e leds UVs e um sistema de perceção visual avançado (sensores). Já a tecnologia robótica vai ser modular, ou seja, flexível e adaptável, e incluirá soluções avançadas de navegação, localização e segurança, que permitem ao robô pulverizador atuar autonomamente, fazendo face à inclinação dos terrenos e aos obstáculos próprios de terrenos de montanha.

Estas novas tecnologias vão permitir uma redução no uso de fitofármacos e um aumento dos níveis de mecanização e automação em vinhas de montanha e culturas arbóreas, em geral, o que se traduz em benefícios ambientais (menos poluição química) e económicos.

O Douro tem a maior área de vinha de montanha do mundo e será um dos locais onde os protótipos vão ser testados em 2023. Espanha e Itália também vão testar estes robôs.

Recorde.se que o INESC TEC encontra-se também envolvido no desenvolvimento de um robô inovador para realizar o controlo e manutenção da vegetação na linha e entre linha da vinha/olival. Este projeto-piloto – designado NOVATERRA – será implementado em duas áreas vitivinícolas da Península Ibérica e tem como principal objetivo minimizar o impacto do uso de pesticidas no ambiente.

Para além do INESC TEC, o projeto SCORPION integra ainda, em Portugal, o Instituto Pedro Nunes e a Sociedade Portuguesa de Inovação (SIP); em Espanha os parceiros são TEYME, DEIMOS, INNOVI e EURECAT; em Itália, o CERVIM e o CNR; e, na Holanda, o Wageningen University & Research.

Este projeto é financiado pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020, da Comissão Europeia, em 2,5 milhões de euros, ao abrigo do acordo número 101004085.