Facilitar o processo da doação de rins entre países é o grande objetivo do projeto europeu ENCKEP (European Network for Collaboration on Kidney Exchange), uma iniciativa que envolve 28 países de toda a Europa. e cuja ferramenta tecnológica foi desenvolvida por investigadores do INESC TEC.

Um dos grandes objetivos do ENCKEP passa por estimular o diálogo europeu, e identificar as melhores práticas na área da doação renal cruzada. Exemplos de boas práticas são “os critérios de afetação dos doentes aos dadores, o tipo de informação a ser usada sobre os doentes e quais os dados a considerar num teste preliminar de compatibilidade”, explica Ana Viana, investigadora do INESC TEC.

O projeto pretende ainda propor uma plataforma comum para partilha de dados e a otimização de modelos em programas internacionais, desenvolvendo e testando um protótipo transnacional. “Neste campo existem muitas preocupações éticas, legais e tecnológicas”, explica a investigadora do INESC TEC.

Na base do ENCKEP  está então a ferramenta desenvolvida pelo INESC TEC, que permite saber quais os “pares mais interessantes” para o transplante. Os investigadores portuenses estão também responsáveis, no âmbito do consórcio, de estudar hipóteses e desenvolver modelos que reflitam a realidade. O objetivo passa por apresentar um protótipo final em 2020, altura em que o projeto termina.

O INESC TEC e o Instituto Português do Sangue e da Transplantação são os únicos parceiros portugueses deste projeto. Participam neste projeto os seguintes países: Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, República Checa, Estónia, Finlândia, França, Macedónia, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Letónia, Malta, Holanda, Polónia, Roménia, Sérvia, Eslováquia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia e Reino Unido.

As vantagens dos programas transnacionais

O aumento de escala resultante da implementação de programas transnacionais de doação renal cruzada tem um grande impacto nos pacientes renais que aguardam um transplante, uma vez que quantos mais pares estiverem nos programas, maior a probabilidade de encontrarem um órgão compatível.

Deste modo, países mais pequenos e que, por isso, têm programas nacionais de dimensão pequena, podem ver um maior número de doentes a serem transplantados. Mas, não é por isso que os países de maior dimensão serão descurados neste processo. Os países de grande dimensão retirarão deste programa também benefício da colaboração.

“Quando o projeto iniciou, não existiam programas transnacionais de doação renal cruzada. Essa colaboração neste momento já é uma realidade, não necessariamente por via do projeto, mas requer uma análise mais aprofundada sobre a melhor forma de operacionalização. Em particular, estando a falar de recursos escassos, os órgãos, é necessário entender de que forma esses órgãos devem ser distribuídos pelos países participantes de forma justa e, eventualmente, respeitando políticas que não seja possível uniformizar entre os diferentes países”, explica Ana Viana.