Segundo o relatório, a capacidade técnica e a competência clínica decorrentes da especialização são fatores de valorização do profissional.

Um relatório sobre os cuidados de enfermagem especializados, produzido pelo INESC TEC para a Ordem dos Enfermeiros, conclui que a especialização em enfermagem é uma necessidade crescente e uma tendência internacional, pressupondo um retorno financeiro importante para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Uma população envelhecida, com doenças crónicas (…) exige uma redefinição da política de gestão de recursos humanos (…) capaz de atender a estes novos desafios societais”. É assim que começa o relatório intitulado “Os cuidados de enfermagem especializados como resposta à evolução das necessidades em cuidados de saúde”, produzido pelo INESC TEC para a Ordem dos Enfermeiros (OE).

De acordo com este relatório, há uma necessidade crescente de recursos humanos de saúde especializados, nomeadamente na área de enfermagem. “Estima-se que o impacto orçamental desta medida, considerando o cenário no qual são disponibilizadas anualmente 1500 posições para enfermeiros especialistas, seja um benefício líquido médio de cerca de 18 milhões de euros por ano. Este valor resulta da diferença entre um custo estimado de 63 milhões / ano, o que inclui o acréscimo salarial e os custos com o internato, e de um benefício estimado de 81 milhões / ano, resultante de uma poupança esperada de 5% nos internamentos hospitalares”, pode ler-se no relatório.

Melhoria nos indicadores de saúde, de eficiência, de gestão e nos índices de satisfação pessoal dos profissionais. É desta forma positiva que o internato de especialidade pode influenciar os cuidados na área da saúde, além do claro benefício económico.

Segundo o relatório, a capacidade técnica e a competência clínica decorrentes da especialização são fatores de valorização do profissional, tendo em conta que “o reconhecimento do papel do enfermeiro especialista é também uma forma de minorar os efeitos negativos de uma força de trabalho desmotivada”.

O relatório do INESC TEC mostra que, segundo a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, a implementação de políticas que promovam a especialização dos enfermeiros é uma tendência em crescimento, nomeadamente em países como a Austrália, o Canadá, os Estados Unidos da América, a Finlândia, a Holanda e o Reino Unido. Estas sociedades são exemplos em que a aposta na especialização do enfermeiro funciona como uma forma de responder aos desafios no setor da saúde, e com impactos diretos nos cuidados prestados.

Outros países, como por exemplo a Alemanha, a Áustria, a França, a Noruega, a Espanha ou a Suíça, estão em fase de implementação de programas de formação avançada, embora com a prática ainda limitada. Apenas em locais como Portugal, Dinamarca, Bélgica, Hungria, Itália ou Polónia esta função de especialista não faz ainda parte da estrutura organizativa das instituições de saúde.