Alfacinha “de gema”, mas já com a Invicta no coração. Inês Vales, de 19 anos, escolheu a licenciatura em Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) “pela qualidade do ensino”, mas também pela oportunidade de “conhecer melhor a cidade do Porto”  O “ambiente genuíno” e a “proximidade com os professores” fizeram da escolha a mais acertada e o início de um “caminho de aprendizagem que estou a percorrer”.

No futuro, a jovem artista só se vê a fazer uma coisa: “a estudar. A continuar a estudar sempre, a aprender sempre. A cultivar uma vontade insaciável de saber mais a cada dia, a diferentes ritmos, em diferentes contextos”. Para já, começou com o pé direito. Com uma média final de 18,75 valores no 1.º ano do curso, Inês Vales será a representante de Belas Artes entre os 21 estudantes da U.Porto que vão ser distinguidos com o Prémio Incentivo 2021. Um galardão que, “de alguma maneira, traduz mais o meu empenho nesse caminho, do que as notas”. 

– O que te motivou a escolher a U.Porto? 

Escolhi a faculdade de Belas Artes pela qualidade do ensino. Foi particularmente marcante para a minha escolha tomar conhecimento do nível de exigência e funcionamento do ensino de Desenho. Foi também com muito entusiasmo que aproveitei a oportunidade de vir conhecer melhor a cidade do Porto. 

– O que gostaste mais no primeiro ano na Universidade?

Gostei de me deparar com um ambiente muito genuíno. Sentir que toda a gente vem de sítios diversos, mas se encontra na partilha de um percurso. Também a proximidade com os professores é notável, pois a exigência não desvirtua um diálogo onde se fomenta a individualidade e o pensamento crítico. Toda esta cumplicidade ganhou redobrado valor quando, infelizmente, nos vimos obrigados a concluir o segundo semestre completamente à distância. 

– O que gostavas de ver melhorado na Universidade? 

As dificuldades que a pandemia veio colocar às instituições de ensino superior não são poucas, mas muitas delas já marcavam o dia-a-dia de docentes e estudantes e a situação que atualmente ultrapassamos só veio tornar a sua resolução mais urgente. 

No caso específico das Belas Artes começaram as obras de que as instalações há muito necessitavam. As grandes lacunas ao nível das infraestruturas da faculdade comprometem a aprendizagem em muitas cadeiras. Infelizmente, as muito ansiadas obras diminuíram os espaços de trabalho disponíveis justamente num tempo em que o número de alunos a ocupar cada sala tem de ser limitado. Ninguém tem culpa desta coincidência temporal. Os alunos estão contentes com as obras que lhes darão as condições de trabalho dignas que merecem e têm consciência de que as medidas tomadas visam a saúde de todos, que é, sem sombra de dúvida, a prioridade. Mas a falta de espaço fez com que o horário de diversas cadeiras práticas fosse cortado para metade e os programas tivessem de ser sucessivamente mutilados. Os alunos só tomaram conhecimento destas medidas já depois de iniciarem as aulas. O que eu e muitos alunos gostariam de ver resolvido é simples – uma comunicação mais transparente entre estudantes e órgãos administrativos. O reconhecimento da especificidade do ensino da Faculdade de Belas Artes só pode ser conseguido através do diálogo. É uma questão de empatia compreender que cursos fundamentalmente práticos não podem funcionar à distância e que a identificação de problemas e possíveis soluções só se consegue através de uma discussão igualitária entre aqueles que definem as medidas e aqueles que serão mais afetados pela sua execução. 

– Qual a importância do Prémio Incentivo para ti? 

A avaliação é apenas um pormenor da aprendizagem. Quando penso no ano passado dirijo o meu olhar para o caminho de aprendizagem que estou a percorrer. Este prémio, de alguma maneira, traduz mais o meu empenho nesse caminho, do que as notas. 

– Como vês o teu futuro daqui a 10 anos? 

Vejo-me a estudar. A continuar a estudar sempre, a aprender sempre. A cultivar uma vontade insaciável de saber mais a cada dia, a diferentes ritmos, em diferentes contextos.

– Se tivesses de descrever a U.Porto numa palavra, qual seria? 

Já a apliquei noutras ocasiões. Diria que, neste momento, a universidade é sinónimo de (in)certeza, escrita exatamente com esta grafia. Atravessamos tempos de incerteza, parece-nos, por vezes, infrutífero fazer planos a médio e longo prazo. Mas permanece, a par de todos estes obstáculos, a certeza de que alunos, professores, técnicos, funcionários e toda a comunidade académica continuará empenhada em construir a cada dia uma universidade melhor.