Respondendo a um desafio lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA), o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) desenvolveu um braço em material compósito, ultraleve e de baixo custo, que funciona como uma espécie dobradiça “elástica”. O componente será aplicado em futuras missões espaciais focadas nas telecomunicações.

O desafio era claro, mas difícil de alcançar: desenvolver uma estrutura que funcionasse como uma mola, em que a energia elástica armazenada pelo material, ao efetuar o fecho em terra, pudesse ser utilizada para promover a sua abertura em órbita. Este novo componente em compósito será uma alternativa aos atuais braços, articulados através de mecanismos metálicos, difíceis de montar e de integrar, e que representam um peso acrescido na estrutura do satélite.

“Foram já produzidas e testadas com sucesso duas amostras com geometrias distintas, recorrendo a ferramentas desenvolvidas para o efeito, e o próximo passo será a criação de um protótipo à escala real, em parceria com o grupo Sonaca”, avança Ricardo Pinto, responsável pelo projeto no INEGI. A nova “dobradiça elástica self-deployable” será ainda submetida a testes com uma carga útil representativa, num ambiente controlado.

Ao INEGI, como entidade diretamente contratada pela ESA para este projeto, coube grande parte do trabalho de desenvolvimento do novo componente, desde conceitos preliminares e design do componente, com recurso a simulação computacional avançada, à otimização do processo de fabrico, passando pelo desenvolvimento de componentes e ferramentas para testes laboratoriais.

Mudança de paradigma com impacto em vários setores da indústria

Ao mostrar que é possível criar uma estrutura móvel mantendo a elevada rigidez característica dos materiais compósitos, “o sucesso do projeto COMETH contribui para uma alteração no paradigma de projeto de estruturas com materiais compósitos, demonstrando que estas podem afinal ter, em simultâneo, funções estruturais e móveis”, explica Ricardo Pinto.

Espera-se que esta alteração de paradigma venha a ter impacto também noutros setores da indústria para além do Espaço, como o Automóvel e a Aeronáutica. Futuras aplicações poderão assim vir a usufruir dos métodos de design, fabrico e aplicação desenvolvidos no âmbito do COMETH.

O projeto COMETH está a ser desenvolvido ao abrigo do programa da ESA dedicado à Investigação Avançada em Sistemas de Telecomunicações (ARTES Advanced Technology project, ESA Contract No. 4000120195/17/NL/EM).