Depois de, há cerca de um mês, ter juntado mais de 27.000 pessoas em vários espaços culturais da capital, o festival IndieLisboa está de regresso para uma edição especial na Universidade do Porto, desta vez dedicada às mulheres na música.

Será nos dias 17 e 18 de junho que o auditório da Casa Comum (ao edifício da Reitoria) vai acolher a exibição três filmes cuja estreia mundial coincidiu com a secção IndieMusic do IndiLisboa deste ano, e que apontam a três géneros musicais diferentes. 

Esta extensão do festival arranca a 17 de junho com a exibição de Love, Deutschmarks and Death, (96′), documentário realizado pelo alemão Cem Kaya e grande vencedor da secção IndieMusic do IndiLisboa 2022.

Com a emigração turca para a Alemanha, esta nova comunidade acabou por desenvolver a sua própria cena cultural e musical. Um fenómeno que acontece longe do olhar da cultura popular e mediática. Este documentário traz luz às histórias e aos ícones que foram dando voz aos expatriados. Também desvenda algumas das complexidades financeiras, políticas e sociais que afetaram esta subcultura.

“Love, Deutschmarks and Death”, (96′) de Cem Kaya

No dia 18 de junho, sábado, a Casa abre um pouco mas cedo, pelas 17h00, para a exibição do documentário australiano Anonymous Club, de Danny Cohen (83′). Trata-se de um trabalho sobre Courtney Barnett, uma compositora australiana, nascida em Sydney, em 1987. Em 2017, lançou Lotta Sea Lice, um álbum colaborativo com Kurt Vile. Igualmente aclamado pelo público, o seu segundo álbum, Tell Me How You Really Feel, chegou um ano depois e o terceiro álbum de estúdio de Barnett, Things Take Time, Take Time, foi libertado em novembro de 2021.

Esta figura do rock contemporâneo australiano defende com veemência a sua esfera privada, sendo este o foco do documentário que resulta num retrato intimista da artista que revela toda a sua vulnerabilidade e ansiedade. Danny Cohen, munido da sua câmara de 16mm, segue Barnett ao longo de três anos — em tour e no estúdio – , a gravar o mais recente álbum. É a própria artista quem narra o documentário, com pequenas notas áudio que pontuam o filme.

“Anonymous Club”, de Danny Cohen (83′).

Para a última sessão, marcada para as 21h30 do dia 18 de junho, está guardado o documentário Patti Smith, Electric Poet (53′), de Sophie Peyrard e Anne Cutaia.

Poetisa, cantora, fotógrafa, escritora e compositora, Patricia Lee “Patti” Smith também é conhecida como a “poetisa do punk”, por ter trazido um lado feminista e intelectual à música punk. Aos 76 anos, é uma mulheres mais importantes da história do rock e uma personalidade influente em diversas áreas da sociedade contemporânea.

Embora Patti Smith já tenha “encarnado várias vidas”, como artista continua a testar os limites da sua arte. Da escrita à poesia, da voz à música, as facetas são inúmeras. Mesmo que o faça sem grande alarido, o seu cunho é identitário. De coração punk, com apenas um êxito comercial no bolso e muito rock’n’roll na bagagem, Smith é já uma lenda viva, cheia de histórias para contar.

Todas as sessões têm entrada livre.

Mulheres que fazem Barulho!

Esta opção pela secção IndieMusic surge, naturalmente, na sequência da exposição Mulheres que Fazem Barulho!, patente na Casa Comum. Inaugurada no Dia Internacional da Mulher (8 de março), esta exposição nasceu da vontade de homenagear 16 “mulheres relevantes do rock português” desde o pós-25 de abril até à atualidade.

Para isso, a Casa Comum juntou-se ao Instituto de Sociologia da U.Porto na missão de contar as suas histórias através de fotografias, discos, cassetes, roupas, adereços, rabiscos de letras, pautas, baquetas, instrumentos musicais, entre outros objetos marcantes nas respetivas carreiras.

Com entrada livre, a exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30, e ao sábado, das 15h00 às 18h00.