Já é possível afundar estruturas construídas em diversos materiais com potencial para criar habitats para peixes e outras espécies marinhas.

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e do Centro Interdisciplinar de Investigação do Mar e Ambiente (CIIMAR) vão desenvolver, já no próximo verão, novos recifes artificiais que recorrem a tecnologias de impressão 3D, no âmbito projeto Europeu 3D PARE (Tridimensional Artificial Reef Printing for Atlantic Area).

A construção de recifes artificiais não é novidade. Nos últimos anos, governos em todo o mundo têm afundado no oceano estruturas construídas em diversos materiais e também grandes pedaços de equipamentos ultrapassados ou danificados, na esperança de que estes recifes artificiais criem habitats para peixes e outras espécies marinhas.

O projeto 3D PARE, que junta em consórcio a FCUP, o CIIMAR, o Instituto Português para o Mar e Atmosfera, a Universidade da Cantábria (Espanha), a Universidade de Bournemouth (Reino Unido) e a Escola de Engenheiros de Trabalhos de Construção (França), propõe-se a desenvolver novos recifes com formas tridimensionais, recorrendo a materiais ecológicos e a tecnologias de impressão em 3D.

“Esta é uma oportunidade inédita, pois junta biólogos e engenheiros de vários países para a construção, implementação e avaliação da colonização das novas estruturas que irão ser desenvolvidas com recurso a impressoras 3D de ultima geração”, explica Isabel Sousa Pinto, docente da FCUP e investigadora principal deste projeto na FCUP e no CIIMAR. Desta forma, acrescenta, possibilita às novas estruturas “serem mais bio atrativas e assim serem colonizadas por um maior número de espécies”.

“De modo a perceber se a implementação destas estruturas é ou não bem-sucedida, está a ser feito um plano de monitorização, que será posto em prática durante pelo menos dois anos após a implementação dos recifes”, adianta João Franco, doutorado em Biologia pela FCUP e investigador do projeto na FCUP e CIIMAR. Este trabalho revelará assim informações essenciais sobre a colonização e sucessão das diferentes espécies marinhas em relação ao ambiente envolvente, permitindo inferir sobre o efetivo sucesso das estruturas. Trata-se de uma das vantagens deste projeto face a trabalhos anteriores com recifes artificiais, pois, segundo o investigador, “não existe sequer um único estudo biológico sobre o sucesso ou não da implementação dessas estruturas, e quando acontece é extremamente limitado”.

A implementação dos novos recifes artificiais no âmbito do projeto 3D PARE está prevista para o Verão 2019, onde serão implementados e monitorizados 9 recifes experimentais cada um com 1 metro quadrado, com três níveis de complexidade e três tipos de materiais. Esta ação irá acontecer em simultâneo na costa norte de Portugal, na costa das Astúrias, em Espanha, na costa da Normandia-França e na costa sul de Inglaterra.

O projeto 3D PARE é um programa INTERREG financiado pela EU para promover a cooperação transnacional entre 36 regiões Atlânticas de 5 países Europeus e assim valorizar a interdisciplinaridade e o cruzamento de experiência e conhecimento.