O que é que um estudo sobre o stress ocupacional em bombeiros tem que ver com um artigo sobre os riscos associados ao consumo de peixe contaminado por microplásticos? E como é que estes dois se ligam a um outro estudo sobre o movimento estudantil no Porto durante o Estado Novo? Pois bem, os três foram desenvolvidos por estudantes de 1.º, 2.º ciclo ou Mestrado Integrado da Universidade do Porto e integram o lote dos 52 trabalhos que mais se destacaram na 13.ª edição do IJUP – Encontro de Investigação Jovem da U.Porto

Esta é a terceira vez que a U.Porto premeia as melhores comunicações orais e por poster apresentadas no evento pioneiro que, desde há mais de uma década, dá a conhecer os trabalhos de investigação desenvolvidos ao longo do último ano, pelos mais jovens investigadores da Universidade.

Só na edição deste ano, e uma das maiores de sempre do IJUP, foram cerca de 900 os estudantes que passaram pelo edifício da Reitoria – de 12 a 14 de fevereiro – para partilhar perto de 500 comunicações orais e em poster ao longo de três dias recheados de convívio e partilha de ideias. “São números impressionantes, que nos devem orgulhar a todos e fazem do IJUP um congresso científico de dimensão considerável”, destaca Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da U.Porto com o pelouro da Investigação.

Muitos e bons

Para além da quantidade de trabalhos apresentados no IJUP 2020, e que “ilustra a vitalidade do ecossistema de investigação da U.Porto”, o responsável evidencia igualmente a “notória qualidade, bem como o grande empenho colocado nas apresentações orais e em poster”.

Qualidades que têm então a sua expressão máxima na lista de trabalhos32 comunicações orais e 20 em formato de poster – agora reconhecidos, após uma avaliação conduzida por professores e investigadores da U.Porto. Esta teve em conta critérios como a “qualidade metodológica, conteúdo científico dos trabalhos, organização da apresentação e qualidade da exposição”.

Contudo, e como lembra Pedro Rodrigues, o principal “prémio” do IJUP é mesmo a possibilidade que os participantes têm de “apresentar os trabalhos desenvolvidos e fomentar a discussão pública dos resultados num ambiente multidisciplinar”. E com frutos que, para o Vice-Reitor, podem ser colhidos mais tarde: “Nos dias de hoje, em que há uma maior valorização das competências transversais, é muito importante que os estudantes adquiram aptidões que se podem revelar de grande utilidade para a sua atividade profissional”.

“Uma das experiências mais marcantes do meu percurso”

Ao todo, a comissão científica do IJUP distinguiu então 52 trabalhos, distribuídos por 13 categorias / áreas do saber. Entre eles inclui-se o póster em que Marta Sousa, estudante de mestrado em Ciências e Tecnologia do Ambiente na Faculdade de Ciências (FCUP), apresentou os primeiros resultados da dissertação que está a desenvolver no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR-UP). O trabalho – distinguido na categoria Biological Sciences – tem como objetivo “comparar métodos de metagenómica e de microscopia tradicionais para a monitorização da diversidade de fitoplâncton no Oceano Ártico de forma a acompanhar a sua evolução face às alterações climáticas”.

Para a  jovem investigadora, que integra a primeira edição do programa Blue Young Talentplus, do CIIMAR, “a participação no IJUP foi mais uma experiência/desafio do meu percurso académico, mas sem dúvida uma das experiências mais importantes, pois foi o primeiro póster de caráter científico que apresentei”. Para o futuro ficou ainda o “interesse de prosseguir na área de investigação científica”.

Marta Sousa com o póster premiado. (Foto: DR)

Igualmente satisfeito com a sua prestação no IJUP 2020 revela-se Francisco Leite, mestre em Atividade Física e Saúde pela Faculdade de Desporto (FADEUP). No estudo que trouxe à Reitoria, demonstrou que “não é possível estabelecer uma relação a curto e médio-termo entre o dano muscular e a síndrome de sobretreino nos músculos soleus e tibialis anterior (…), questionando assim a utilização de marcadores sistémicos de dano muscular como métodos fiáveis no estudo dessa relação”.

“Sabia que tinha um trabalho com potencial e estava seguro da mensagem a defender. Além disso, tive a capacidade de responder às questões colocadas, o que facilitou bastante a compreensão da investigação desenvolvida”, explica o jovem investigador, premiado na categoria “Sport Sciences”.

Francisco Leite “em ação” no IJUP 2020. (Foto: DR)

Este ano, e ao contrário das edições anteriores, Marta, Francisco e os restantes estudantes distinguidos não vão passar pelo Salão Nobre da Reitoria para participar na habitual celebração dos “vencedores” do IJUP. Ainda assim, terão direito a um diploma, a entregar em data e moldes e definir.