À primeira vista, parecem “iguais”, mas é às diferenças entre os gémeos monozigóticos (MZ) que Alexandra Matias tem dedicado o seu trabalho como ginecologista e obstetra com subespecialidade em Medicina Fetal, que conjuga com a docência na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Já a fotógrafa Cláudia Rocha tem focado o seu trabalho retratos e na procura do sentido individual de Identidade. Da colaboração entre as duas nasce Monozigóticos: a diferença na igualdade , título da exposição que vai estar patente, a partir de 1 de junho, no Polo Central (Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP).

Estas fotografias procuram ser a extensão artística da diferença na dualidade quase igual. A série fotográfica é constituída por gémeos de diversas idades de forma a explorar a dinâmica entre irmãos e a sua relação ao longo do tempo. Os retratos mostram as diferentes personalidades, características físicas que os podem unir ou separar, dependendo do contexto familiar e das escolhas de vida.

A câmara de Cláudia Rocha procura o sentido do “eu” na relação entre irmãos que, à primeira vista, parecem iguais. Apesar da semelhança, e contrariamente ao que seria de esperar, descobertas recentes mostram que as diferenças fenotípicas (características exteriores), assim como genéticas, entre gémeos “idênticos” são a regra e não a exceção, o que torna a expressão “gémeos idênticos” cada vez mais inadequada.

“Monozigóticos: a diferença na igualdade”. (Foto: Cláudia Rocha)

O ovócito fertilizado é a única partilha

Estamos perante uma combinação de influências que ocorreram durante os períodos pré-natal, perinatal e pós-natal. É esta combinação complexa e dinâmica de múltiplos fatores que se conjuga para moldar o genótipo (constituição genética) e redefinir o fenótipo (de aparência exterior) dos dois indivíduos: nenhum será jamais uma cópia fiel.

A única característica que os gêmeos idênticos partilham é a origem num único ovócito fertilizado. O termo “gémeos monozigóticos” descreve, pois, a sua origem real ao contrário do processo de placentação.

Embora o seu ADN seja praticamente o mesmo originalmente, o meio uterino pode ligar e desligar vários genes responsáveis pela variabilidade que finalmente aparecerá entre as duas linhas celulares.

Com entrada livre,  a exposição Monozigóticos: a diferença na igualdade pode ser visitada de 1 de junho a 31 de agosto, no Polo Central do MHNC-UP, de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (Última entrada: 17h30). O acesso faz-se pelo jardim da Cordoaria. Entrada livre.